Arnaldo Jardim*
Dia 2 de julho comemoramos o 89º Dia Internacional do Cooperativismo. A Aliança Cooperativa Internacional (ACI) propõe: Juventude O Futuro do Cooperativismo. Uma escolha oportuna, pois ocorre paralelamente à celebração do Ano Internacional da Juventude das Nações Unidas (ONU).
Novas oportunidades
Trata-se de um desafio imenso, afinal muitos dos nossos jovens não conhecem o modelo cooperativista, que poderíamos ter como tema transversal nas escolas para que os alunos conheçam suas características e benefícios. Alguns jovens até já usufruem de produtos e serviços oferecidos por cooperativas, mas não os identificam como tais.
Há tempos, as cooperativas oferecem aos jovens oportunidades de pôr em prática um modelo empresarial para criar seu próprio negócio. Trata-se de uma filosofia atenta às novas gerações, baseada no trabalho democrático, responsável e ético.
Em suma, o cooperativismo traz à juventude a chance de ganhar experiência profissional, de crescimento intelectual, inclusive de dedicação aos estudos, além de encorajar sua participação em processos decisórios, incentivando o empreendedorismo a partir da formação de suas próprias organizações cooperativas.
Contradições do mercado de trabalho
A importância desta missão ganha força ao analisarmos dados recentes do IBGE. Em resumo, as empresas reclamam de falta de trabalhador qualificado, mas ainda é difícil para o jovem sem experiência conseguir uma vaga.
A desocupação entre os jovens de 18 a 24 anos aumentou, passando de 14,4% para 15%. De março a abril, a desocupação entre os jovens de São Paulo com essa faixa etária pulou de 14,7% para 16,7%.
Olhando os dados por anos de estudo, notamos a permanência de algumas desigualdades. O desemprego continua acima da média entre os que estudaram de 8 a 10 anos: passou de 8,5% em março para 8,6% em abril, mas já foi pior. Em abril do ano passado, estava em 9,6%. Também aumentou um pouco a desocupação entre os que estudaram 11 anos ou mais: subiu de 6,3% para 6,4%.
Uma triste realidade que se repete em todo o mundo. A taxa de desemprego entre os jovens é maior que a dos adultos, segundo levantamento divulgado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). No relatório Tendências do Emprego Global 2011, 12,6% dos jovens estão sem ocupação em relação a 4,8% dos adultos. Baseada em dados coletados em 56 países, a Organização concluiu que 1,7 milhão de jovens entre 17 e 24 anos deixaram de entrar no mercado de trabalho.
Novos desafios para crescer
Sempre estive com o cooperativismo e sinto-me honrado por ter participado de conquistas e lutas em prol do setor. Uma ligação que começou ainda na infância, nas cidades de Alta Mogiana e Ituverava, onde tive a oportunidade de conviver com cooperativas, principalmente de consumo e agropecuárias, como a Carol (Cooperativa de Agricultores da Região de Orlândia). Posso dizer que essa experiência com o espírito cooperativo acabou influenciando na minha formação pessoal e política.
Hoje, inclusive, sou cooperado da Credicoonai e, mesmo tendo conseguido vitórias importantes, como a aprovação da Lei Estadual do Cooperativismo, a Lei do Cooperativismo de Crédito e a inserção das cooperativas no Minha Casa, Minha Vida, o sentimento de dever cumprido serve como mola propulsora para os desafios que ainda estão por vir. Entre os quais, destaco:
– Aprovação do Projeto de Lei 4622/04 que encontra-se na pauta de votação da Câmara dos Deputados e que trará a segurança jurídica necessária para um ramo que reúne 1.408 cooperativas em todo o País, com seus 260.891 associados e que emprega 4.242 trabalhadores;
– Reverter o Decreto Nº 55.938/2010, do Governo Estadual, que restringe a participação de cooperativas em licitações públicas;
– Aprovarmos o novo texto do Ato Cooperativo.
Sou cooperativista!
A Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e o Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop) realizam na próxima quarta-feira (6/7), na Câmara dos Deputados, o seminário: Juventude: o futuro do cooperativismo, para discutir o papel da juventude no futuro do movimento cooperativista e do país.
Neste momento em que as mídias sociais conectam os jovens de uma maneira nunca antes vista, as cooperativas deparam com uma oportunidade sem precedentes para atrair este público a engrossar as fileiras do setor cooperativista. Viva o Cooperativismo!
*Deputado pelo PPS de São Paulo e diretor da Frencoop (Frente Parlamentar pelo Cooperativismo)