Se ilude quem pensa que basta conquistar a “tão sonhada vaga no serviço público” para ter pela frente o caminho mais fácil para o sucesso. Ser funcionário do governo tem suas vantagens, é inegável. Entretanto, obter essas vantagens não se limita a ser aprovado no concurso público, e muitos aspirantes se esquecem disso.
Os olhos brilham só em pensar nas mágicas palavras: estabilidade, bons salários, aposentadoria integral e tantas outras. O que se esquecem é de que ser servidor público vai além, e “chegar lá” carece de consciência do trajeto e do objetivo a ser alcançado.
Para um concurso de uma das carreiras de Estado, exige-se do candidato cerca de um a dois anos de estudos com 30 horas de dedicação semanal. Isso representa, por baixo, um investimento financeiro de R$ 600 a R$ 1.500 mensais. Ou seja, é muito tempo e dinheiro, algo que não pode ser tratado como uma aventura.
Quantos profissionais se encantam com as benesses e ignoram as desvantagens. Aliás, quantos se limitam a focar só na preparação, nos estudos, e deixam de lado o que virá depois. Outros sequer planejam o caminho e são “levados pelo vento”, esperando que a sorte se volte para seu desejo. A primeira pergunta que um concurseiro precisa fazer é: “Por que ser servidor público?”. Sem esta resposta qualquer caminho parecerá certo e, ao mesmo tempo, errado.
O passo seguinte é responder para si mesmo o que quer fazer dentro da administração pública, ou seja, que carreira e/ou área quer trabalhar. Conhecer sobre suas futuras funções dará uma noção mais precisa do pós-concurso. As recomendações são ler sobre a instituição ou entidade, sobre a carreira; conversar com pessoas que já trabalham no que pretende fazer e, se for possível, ir até lá e se informar pessoalmente. Todos os dados são essenciais para se ter certeza de que se trata de uma escolha acertada.
A imagem de sucesso incorporada a quem é aprovado em concurso público cega os candidatos menos preparados, gera expectativas de glamour que não existem no mundo real. Existe trabalho no setor público e atividades que exigem as mais diversas especialidades e competências.
Embarcar nesta empreitada iludido é, sem sobra de dúvidas, aceitar o risco de empenhar tempo e dinheiro em algo que, no mínimo, não será gratificante. Ai, até vale a brincadeira: de nada adianta ganhar bem e gastar tudo isso com terapia para cuidar da frustração. Acredite: é muito mais comum do que se imagina.