Paulo Kramer *
A bem documentada, oportuna e equilibrada reportagem de Lúcio Lambranho "O Congresso precisa de tantos jornalistas?" me estimulou a meter a colher torta de não-jornalista nessa discussão.
Muito embora a matéria não especifique, em valores absolutos e relativos, o tamanho das fatias dos bolos orçamentários, para este ano, do Senado Federal (R$ 2,7 bilhões) e da Câmara dos Deputados (R$ 3,4 bilhões) que são destinadas às respectivas áreas de Comunicação Social, basta lembrar o número de jornalistas pertencentes aos quadros de ambas as Casas (157 no primeiro caso e 108 no segundo) – sem mencionar os técnicos de suporte terceirizados, contingente que se aproxima de 200 apenas no Senado – para saber que se trata de máquina burocrática de dimensões consideráveis, sustentada, é claro, com dinheiro do contribuinte. Por isso, creio que o meu amigo Mauro Malin, do Observatório da Imprensa, ao ser entrevistado por Lambranho, raciocinou corretamente quando "diz que é preciso saber com mais precisão e transparência quais são os novos projetos de comunicação" do Congresso.
Na tentativa de contribuir um pouquinho para o maior conhecimento e a melhor compreensão dessa relação custo/benefício, subi ao 21º andar do Anexo I do Senado para conversar com o jornalista Weiller Diniz, novo diretor da Secretaria Especial de Comunicação Social (Secs). Mineiro do Triângulo (de Ituiutaba), 44 anos, bacharel em Letras (português/literatura) pela UnB e graduado em Comunicação pelo Ceub, Diniz já completou 25 anos de profissão, tendo trabalhado na extinta TV Manchete e no SBT, como repórter. Na sucursal brasiliense da revista IstoÉ, acumulou o recorde de três anos consecutivos como finalista ao Prêmio Esso de Jornalismo, até conquistá-lo em 2004 por série de reportagens sobre o Banco Central de Henrique Meirelles, a qual revelou omissões cometidas por um ex-diretor da instituição (Luiz Alberto Candiota) ao declarar seu patrimônio.
No setor público, durante o governo FHC, foi diretor e vice-presidente da Radiobrás, onde comandou processo de reestruturação interna que se traduziu, entre outras inovações, em uma verdadeira bonança de receitas graças à unificação do agenciamento da publicidade legal da União (editais, balanços etc) naquele órgão. Também na Radiobrás, formatou as condições para que o atual NBR se transformasse no primeiro canal público por assinatura totalmente noticioso – all-news –, com 12 horas de programação e 12 de reprises.
Em 1998/99, tive a oportunidade de trabalhar ao lado de Weiller na assessoria do então ministro da Justiça, Renan Calheiros. Naquela época, Renan – entre todos os políticos em atividade que conheço, o melhor conhecedor da estrutura e do funcionamento da mídia em Brasília, bem como do seu impacto político – era sistematicamente avaliado pelos institutos de pesquisas como o mais popular dos ministros de Fernando Henrique. Em retrospectiva, isso me parece uma façanha e tanto quando me lembro de nossa estrutura liliputiana, em contraste com as megaequipes (de
A máquina que Diniz agora comanda compreende televisão, rádio, jornal, agência noticiosa encarregada de prover conteúdo para todos esses outlets e mais a internet (www.senado.gov.br), além do serviço telefônico Alô Senado (0800-612211). Em 2006, ele recebeu 376.936 chamadas. Mas, em razão das limitações de seus recursos humanos, atendeu 111.987 (29,7% do total).
Os projetos e metas a seguir descritos são do plano de trabalho para o biênio 2007/2008 (presidência Renan Calheiros), aprovado pela Mesa do Senado na semana passada.
Visão e missão
A visão que Weiller procura compartilhar com os jornalistas da Casa nas reuniões que promoveu até aqui é a de que qualquer sistema público de comunicação – não só no Legislativo, mas também nos demais poderes – precisa assumir um foco diferente daquele dos veículos comerciais, centrando-se em "educação, informação cívico-política e serviços de utilidade para o cidadão".
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