Vocês já ouviram falar em Maxwell Maltz? E em psicocibernética? Não? Pois então vou apresentá-los ao homem e à sua criação. Conhecê-los é indispensável para quem se prepara para concursos públicos e não quer ser apenas mais um dos participantes daquela seleção-dos-sonhos, para quem de fato trabalha para ser aprovado e se tornar servidor regido pela Lei 8.112 e apto a desfrutar de todos os direitos e vantagens inerentes ao cargo público. Hoje vou explicar como e por que a Psicocibernética vai ajudá-lo a atingir essa meta.
Começo apresentando Maxwell Maltz. Nascido em 10 de março de 1899, ele não foi mero guru de ocasião, desses que aparecem e desaparecem no cenário cultural com a rapidez de uma chuva de verão. Não, nada disso. Cirurgião plástico e psicólogo, formado em Medicina em 1923, Maltz apresentou ao mundo a psicocibernética ao publicar o livro Psycho Cybernetics, de 1960. Na obra, aborda o controle da mente humana para finalidade produtiva e útil. Segundo a teoria, os sentimentos negativos podem desviar as pessoas do rumo certo na construção de algo positivo e bom para elas. Todavia, graças à psicocibernética, elas podem ser reencaminhadas para realizações satisfatórias. Em outro livro, Como vencer sentimentos negativos (Creative living for today, de 1967), o cientista aprofunda a discussão sobre o tema, apresentando exercícios para alcançar as realizações propostas.
A psicocibernética apregoa que todos nós temos uma imagem formada de nós mesmos desde crianças. Essa imagem funciona como um objetivo para o inconsciente, sempre nos conduzindo em sua direção, de forma inconsciente, queiramos ou não. Assim, se temos uma imagem positiva de nós mesmos, a vida caminha sempre nessa mesma direção. O mesmo se aplica quando a autoimagem é negativa, e é aí que mora o perigo.
Por que Maltz chamou sua teoria de psicocibernética? Ele se baseou na origem grega da palavra “cibernética” (kibernetiké/timoneiro; o que governa o timão da embarcação; o homem do leme, em sentido figurado, ou aquele que dirige ou regula qualquer coisa; guia, chefe, piloto). A cibernética constitui uma tentativa de compreender a comunicação e o controle de máquinas, seres vivos e grupos sociais por meio de analogias com as máquinas eletrônicas. A ciência foi desenvolvida pelo matemático norte-americano Norbert Wiener (1894/1963) e é utilizada tanto para o planejamento econômico como para o desenvolvimentos de equipamentos bélicos e industriais. Para formar a palavra “psicocibernética”, Maltz uniu a palavra “cybernetics” e outra também de origem grega: “psycho” (alma, espírito, mente). Pronto, estava criada a sua teoria sobre o comportamento humano.
Maxwell Maltz introduziu a tese de que o hábito de fazer algo – seja caminhar, correr, estudar, ler, etc. – é criado ao se repetir a rotina no mesmo horário e pelo mesmo intervalo de tempo, por 21 dias consecutivos. (Infelizmente, para perder o hábito, bastam três dias.) A teoria de Maltz nasceu da experiência dele como cirurgião plástico que ganhou fama na década de sessenta, quando começou a elaborar estudo relacionando suas cirurgias reparativas e a atitude mental do paciente no pós-operatório. O cirurgião notara que muitos dos recém-operados, apesar de terem tido, por exemplo, o rosto completamente reconstruído, mantinham por certo período as mesmas características e crenças de antes. Levava tempo para eles acreditarem que haviam realmente mudado. Analogamente, pacientes submetidos a amputações continuavam sentindo os membros amputados, no que hoje é popularmente conhecido como a dor (ou coceira) fantasma. Esse update, levava precisamente três semanas.
Segundo Maltz, pesquisas neurológicas demonstraram que também a memória de longo prazo precisa das mesmas três semanas de repetições diárias para se estabeler e considerar-se incorporada. Na prática, precisamos de 21 dias para aprender a andar de bicicleta, para superar a perda de um parente, para parar de fumar ou para fazer que aquela corridinha matinal deixe de ser um fardo e se torne um vício. É claro que essa precisão de 21 dias é questionável. Mas o conceito do “sabor adquirido”, aquele que exige insistência no começo, para depois nunca mais ser deixado de lado (cerveja!) é bem verdade. Assim como a necessidade de no mínimo 21 dias de férias para poder voltar a sentir e viver um ritmo que há alguns anos foi deixado para trás.
Mas em que sentido as ideias de Maltz são relevantes para os concurseiros? Em primeiro lugar, podemos aplicá-las para desenvolver o hábito de estudo, criando a rotina de estudar diariamente por três semanas consecutivas. E, em última análise, elas são importantes na medida em que a atitude positiva é fundamental para vencer qualquer dificuldade. Maltz sintetizou isso em alguns pensamentos, que se aplicam aos concursos públicos com perfeição:
PRIMEIRO: “O êxito na vida não significa apenas ser bem-sucedido, mas também sobrepor-se aos fracassos”.
Quem de nós não experimentou algum dia a sensação do fracasso? Quando se trata de concurso público, muita gente se deixa abater ao encarar a primeira reprovação depois de uma longa e difícil preparação. Para superar esse sentimento negativo, é preciso se convencer de que o fracasso é exceção, não regra. É preciso repetir para si mesmo que você está preparado para ser bem-sucedido na próxima tentativa.
SEGUNDO: “Baixa autoestima é como dirigir pela vida com o freio de mão puxado”.
Para falar em português claro: com a autoestima em baixa, é impossível vencer em qualquer coisa em que você se meta. A comparação com o freio de mão puxado é perfeita. O carro – ou a vida da pessoa – não vai para a frente. Como dizia Nelson Rodrigues, até para chupar um Chicabon é preciso estar motivado.
TERCEIRO: “Quanto maior for a crença em seus objetivos, mais depressa você os conquistará”.
Se você não acreditar que pode alcançar o que se propõe, não terá mesmo condições de chegar lá. É preciso agir como o maratonista olímpico, que só vê pela frente a pista e imagina a linha de chegada a cada passada, até que, finalmente, está diante dela e pode ultrapassá-la, com as últimas energias que lhe restam, após ter corrido 42.195 metros. Esse é um dos princípios da psicocibernética que considero mais importantes para o sucesso de um concurseiro.
QUARTO: “A autoimagem é a essência da personalidade e do comportamento humano. Mude a autoimagem, e ambos serão transformados”.
Eis aí um conceito de fundo psicológico que contém uma verdade irretocável. Se a sua autoimagem está ruim, você não vai conseguir se concentrar para acompanhar as aulas e extrair o melhor proveito das dicas dos professores. Ao contrário, se manterá disperso, e todo o esforço e o desgaste da preparação terão sido inúteis. No dia do concurso, você vai fracassar. Para driblar essa situação, é preciso, como diz Maltz, mudar a autoimagem para o polo positivo e desligar o negativo.
QUINTO: “A vida está cheia de desafios que, se aproveitados de forma criativa, transformam-se em oportunidades”.
Esse pensamento resume com perfeição todo o conceito da psicocibernética aplicada aos concursos públicos. O desafio de alcançar a aprovação, às vezes, pode parecer inatingível, diante da concorrência, dos problemas da vida, da falta de tempo para estudar, de eventuais dificuldades financeiras, do cansaço de quem, no caso de muitas mulheres, se obriga a enfrentar diariamente uma jornada tripla – trabalho, estudo e vida doméstica com a família – e de quem, no caso de grande parte dos homens, tem pesadas responsabilidades de família e trabalho extenuante. Para vencer o desafio, é necessário criatividade, e só quem a desenvolver conseguirá transformar o desafio na tão sonhada oportunidade de se tornar servidor público.
Com os pensamentos do sábio Maxwell Maltz, espero contribuir para o sucesso dos nossos alunos em sua caminhada no mundo dos concursos públicos. Por fim, recomendo a todos a leitura das obras de Maltz, na certeza de que, assim fazendo, vocês alcançarão, com muito mais rapidez, o seu
FELIZ CARGO NOVO!