Rodolfo Torres
A contratação de advogados e defensores públicos brasileiros pelas representações diplomáticas é uma das maiores reivindicações dos compatriotas que moram no Suriname. A informação foi dada pelo presidente da Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado, Eduardo Azeredo (PSDB-MG), que esteve em novembro naquele país.
Além da assistência jurídica, os brasileiros que por lá moram também se queixaram aos parlamentares da falta de bancos e escolas brasileiros no país. “Deve-se aumentar a atenção aos brasileiros no exterior”, afirmou o tucano, criticando a recente criação de seis embaixadas brasileiras no Caribe. “Ao invés de criar embaixadas onde não tem brasileiro, é preciso aumentar o auxílio aos brasileiros no exterior”, destacou.
Azeredo foi ao país vizinho acompanhado do senador Heráclito Fortes (DEM-PI), ex-presidente do colegiado atualmente presidido pelo tucano. O senador mineiro explicou ao Congresso em Foco que o confronto entre brasileiros e surinameses na véspera do Natal (na localidade de Albina) apenas confirmou a situação “potencialmente grave” – relatada por autoridades locais – de cerca de 20 mil brasileiros que estão ilegalmente no Suriname. A maioria formada por garimpeiros.
Além do encontro com a comunidade brasileira, Azeredo e Heráclito também foram à Assembleia Nacional do Suriname para a primeira visita oficial de parlamentares brasileiros ao país. O objetivo do encontro foi aprofundar a relação entre os dois países.
Contudo, os senadores brasileiros ouviram do vice-presidente do Parlamento surinamês, Caprino Alendy, um relato preocupado sobre os garimpeiros brasileiros ilegais. “Nossa população é inferior a meio milhão de habitantes, e existem 20 mil brasileiros no Suriname. Isto é alguma coisa”, afirmou Alendy, de acordo com a Agência Senado.
A preocupação foi reforçada por Rabindre Parmessar, outro parlamentar do Suriname. “Os garimpeiros estão em uma situação difícil e precisamos, os dois países, chegar a um entendimento sobre esse assunto, até mesmo de um ponto de vista humanitário.”
Anistia a imigrantes ilegais
No encontro com os surinameses, Azeredo lembrou que o Congresso brasileiro havia aprovado um projeto de lei que anistiava os imigrantes que estavam ilegalmente no Brasil.
Sancionada pelo presidente Lula no início de julho deste ano, a lei chegou a ser classificada pelo petista como “uma lição” ao “chamado mundo desenvolvido”. “Enquanto eles estão perseguindo os imigrantes, enquanto eles estão tentando passar para a sociedade de que parte do desemprego quem sofre em primeiro lugar é o imigrante, no Brasil nós assinamos uma lei dando um reconhecimento aos imigrantes brasileiros”, afirmou o presidente.
“Na verdade, o que nós fizemos foi dizer para os imigrantes: vocês são nossos irmãos, vocês estão aqui para ajudar o Brasil a crescer, até porque o Brasil é um país que foi construído por imigrantes, ou seja, essa mistura de portugueses, índios, europeus, africanos é que deu ao Brasil essa coisa maravilhosa que é o Brasil”, complementou.
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