O produtor do filme Avatar, John Landau, anunciou nesta semana em entrevista à MTV News que o diretor James Cameron está trabalhando em um livro para aprofundar a história do longametragem. Avatar, como amplamente divulgado, é recordista em bilheteria, e Cameron, certamente, fará o possível para aproveitar essa onda de sucesso, na tentativa de manter o universo de Avatar o máximo possível no imaginário do público.
A trama de Avatar, por si só, não traz nenhuma surpresa. Já a tecnologia e os efeitos visuais, sem dúvida, contribuem com um percentual considerável para envolver o público e desbancar o sucesso da película. Mas sem 3D, o que poderia segurar um romance escrito com base no esqueleto narrativo Avatar? O apelo ambiental pode ser uma carta na manga para garantir a continuidade do ibope do filme.
O diretor pode no romance aprofundar as relações dos seres de Pandora e dos seres humanos com a natureza. Os Na’Vi, seres “primitivos” de Pandora, demonstram uma relação profunda de afinidade, respeito, cuidado e devoção à natureza. Chegam a ter mesmo uma ligação física com a natureza. Os seres humanos, na narrativa do filme, aparecem no papel de destruidores do meio ambiente, que declaram guerra aos nativos com o objetivo de explorar metais preciosos para fazer dinheiro na Terra.
A história não difere muito do contexto da colonização da América do Sul e Central, na lógica de minar recursos naturais em nome do progresso e da riqueza. O viés que Cameron poderia apostar, no entanto, deveria seguir no rumo não mais de nortear os passos dos exploradores, mas de aprofundar as relações dos seres e da natureza. A conexão dos Na’Vi com os seres naturais por meio das pontas de seus cabelos é um elemento forte da narrativa de Avatar.
O filme, na realidade, relembra muito a temática do desenho animado Capitão Planeta, protagonizado por um super-heroi que reúne os quatro elementos naturais – terra, fogo, ar e água – com a solidariedade e a bondade, representada pelo elemento coração. Nos episódios, uma equipe de cinco voluntários salvadores do planeta é acionada em casos como de poluição de rios, de exploração desenfreada de recursos minerais e de desmatamento.
Assim como em Avatar, a ambição de alguns seres humanos nos episódios de Capitão Planeta leva à destruição de patrimônios naturais e, ao final, a união de seres dispostos a salvar o planeta traz um desfecho feliz, onde o mal vence o bem. Mas, se Cameron quiser prosseguir com o sucesso de seu filme 3D, terá de fugir de enredos batidos. Cameron tem que aproveitar o modismo crescente que dá espaço aos ecomaníacos, aos ecosimpatizantes e às ecoemergências do planeta e aprimorar detalhes interessantes do filme como as sinapses que os Na’Vi faziam com as árvores.