Terezinha Tarcitano *
A dor pela perda é algo que vai aumentando progressivamente após passado o trauma. Para todo aquele que é pai ou mãe de adolescente, fica um sentimento em relação à tragédia que ocorreu em Santa Maria: e se fosse o meu filho lá? Imagino que seja uma dor que supera os limites da alma. Embora criemos os filhos para o mundo, é necessário impor certos limites, especialmente em relação aos vícios. Hoje, a lei proíbe o consumo de álcool e sua venda aos menores de idade. Os valores das penalidades são altos, especialmente para os donos de estabelecimento que permitem essa venda.
A ausência dos pais, muitas vezes ocasionada pela rotina de trabalho, não deveria ser compensada com “agradinhos” extras aos filhos, a exemplo de presentes ou dinheiro, negligenciando o contexto familiar. Tal fato decorre, muitas vezes, da culpa que os pais, sobretudo as mães, sentem em relação aos filhos. Daí, trocam o amor ou a dor dos filhos por “presentes”. No, entanto, a “mania de compensar” pode resultar em adultos materialistas, carentes de afeto e com problemas para lidar com o dinheiro, além de acentuar o sentimento de onipotência, típico da juventude.
Os pais, se pudessem, envolveriam os filhos em uma manta de proteção. Como não podem fazê-lo, resta a alternativa de muita oração, diálogo aberto sobre todos os assuntos, orientação e PRESENÇA, que auxilia a manter uma relação saudável com o filho, evitando a predominância de pensamentos materialistas. Não existem fórmulas mágicas para isso. Mas entendo que o esforço em prol da reversão desse quadro é necessário. Mães costumam ser intuitivas, vivem e morrem pelos seus filhos. Enxergam, muitas vezes, além dos seus olhos. Hoje, eles poderão não entender, mas, amanhã, quando se tornarem pais, terão essa dimensão.
Sempre há tempo de mudar qualquer relação. Pais, estejam mais perto de seus filhos, orientem-os, acarinhem-os, mostrem-lhes os melhores exemplos, abracem-os, digam que os amam do fundo de seus corações. Sempre há tempo… Exceto para esses tantos outros pais que dariam a vida para poder ter hoje essa proximidade com seus filhos…
* Terezinha Tarcitano, jornalista e assessora de comunicação, dirige a TTarcitano Assessoria de Comunicação.
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