O comportamento da oposição demotucana, cujo caráter nocivo-corrosivo atingiu uma espécie de ápice dia 27/11 com o “relato” à Folha de César Benjamin (que não vou recaptular nem dar feed-back porque quem dá cartaz para trouxa é lavadeira), coloca definitivamente a pergunta que não quer calar: é possível ganhar eleição com uma agenda exclusivamente negativa? Porque, se os governos Serra/Yeda Crusius/FHC forem os paradigmas positivos, os exemplos notáveis de suas realizações, então o eleitor está perdido.
Até porque nas realizações demotucanas (e por realização entenda-se tudo o que não é factóide ou desacontecimento) o sinal também se inverte, constituindo eventos negativos, uma vez que seus políticos atuam contra os interesses da população que os elege (bato nessa tecla em várias colunas). Lembrando ainda que este subcapitalismo desigual e combinado – que combina a iniquidade do atraso com a truculência do progresso – constitui a ideologia demotucana.
Aliás, a oposição continua buscando representar o irrepresentável: a burguesia nacional que já não manda, o capital financeiro, que é o obstáculo ao desenvolvimento, pois já se desligou de qualquer representação de classe e cujos interesses promovem a exclusão – eis sua contribuição à práxis política. A união ideal do Inútil ao Desagradável: querem voltar a exportar entreguismo de ponta! Que o país retorne à condição de eterno gigante bobo adormecido com seu chocalho multinacional. Assim, este sub-horizonte eleitoral “avança” em “marcha a ré para trás”, sinalizando, em 2010, com o que nos espera se ocorrer o retorno ao Planalto “do modo demotucano de governar”, ou seja, da tecnologia do futuro em retrocesso!
Mas voltando ao factóide César Benjamin “produzido” pela Folha, creio que Emir Sader** definiu bem o modo demotucano de perder todas: “Ter que conviver com o sucesso popular, econômico, social e internacional do governo Lula é insuportável para os fracassomaníacos (demotucanos). Usam todo o tempo de rádio, televisão e internet, todo o espaço de jornal, para atacar o governo, e só conseguem 5% de rejeição ao governo que se mantém com 80% de apoio. Um resultado penoso, qualquer gerente eficiente mandaria todos os empregados das empresas midiáticas embora por baixíssima produtividade. Como disse, desesperadamente, FHC a Aécio, tentando culpá-lo antecipadamente por uma nova derrota em 2010: Se perdermos, são 16 anos fora do governo… Ou seja, terminaria definitivamente uma geração de políticos direitistas, entre eles Tasso, FHC, Serra – os queridinhos do grande empresariado e da mídia mercantil”.
Se, por um lado, a extinção inglória dessa geração implica um horizonte político mais ameno, menos iníquo e, por outro, a truculenta tecnologia do retrocesso fatalmente se renova, então o que virá por aí?
No mais, a Agência Carta Maior, em seu editorial de segunda, 30/11, funciona como sismógrafo do impasse político onde se meteu a oposição aqui e agora:
“A coalizão demotucana já não tinha mais argumentos a contrapor na área econômica. Com Yeda no RS e as cenas protagonizadas por Arruda, em Brasília – ademais das minuciosas anotações de ‘pagamentos’ da Camargo Correa a expoentes da intimidade serrista em SP, derrete também o discurso do “modo demotucano de governar”. Desprovida de projeto e fulminada na aliança política, o que resta à candidatura Serra? A destruição pessoal do adversário. Deflagrar um up-grade na veiculação do ódio elitista que já transborda em insultos fascistóides contra a figura do Presidente da República. Radicalizar o preconceito numa classe média semi-culta e semi-informada que lê Veja. Operar com a mentira pura e simples. A Folha já havia testado o método na falsificação da ficha do Dops da ministra Dilma Rousseff. A nova investida editorial, dissimulada em ‘artigo’ de César Benjamin, covarde e desprovida dos cuidados jornalísticos na apuração prévia de insinuações graves, oficializa o padrão do novo ciclo que se inicia.”
Em desespero, a gente apela, ou seja, normaliza-se a baixaria.
** Artigo “Os fracassomaníacos”, Carta Maior, 20/10/2009.