O Brasil terá uma nova presidente daqui a exatamente três semanas. A ex-ministra Dilma Rousseff subirá a rampa do Palácio do Planalto e vestirá oficialmente a faixa presidencial após ter obtido pouco mais de 56% dos votos válidos na eleição realizada no último dia 31 de outubro.
Talvez porque estejamos todos acompanhando os esforços da presidente eleita para acomodar os partidos e políticos aliados na Esplanada dos Ministérios, ainda não começamos a refletir sobre o maior desafio de Dilma Rousseff: suceder o presidente mais popular da história brasileira.
De fato, as taxas de aprovação do presidente Lula atingiram níveis estratosféricos nos últimos anos. Salvo engano, este deve ser um daqueles raríssimos casos na política mundial de um governante mais popular no seu segundo mandato do que jamais foi no primeiro. Na média das 11 pesquisas nacionais realizadas pelo Datafolha no segundo semestre de 2010, a avaliação positiva (“ótimo” ou “bom”) do governo Lula foi de 78,9% do eleitorado.
A propósito, aproveito para abrir um parênteses. A democracia brasileira está dando uma grande demonstração de maturidade. Em outras épocas (ou em outros lugares), um governante com essa popularidade jamais entregaria o poder de forma tão institucional e tão pacífica para o seu sucessor.
Quero crer que nenhum outro político brasileiro conseguiria manter taxas tão elevadas de aprovação. Além de ter feito um bom governo, Lula é dotado de um carisma pessoal e de uma trajetória social que não são encontrados facilmente na política. Talvez ainda demore uma geração para algo semelhante acontecer novamente.
Em outras palavras, será uma grande surpresa se a presidente Dilma – independentemente de suas virtudes e defeitos – vier a manter nas pesquisas os mesmos índices de popularidade atualmente demonstrados pelo presidente Lula. Meu palpite é que a sua taxa de avaliação positiva venha a se manter na casa dos 60% durante o primeiro trimestre do seu governo. Este ainda é um patamar bastante favorável, típico de presidentes em início de mandato.
A partir daí, a popularidade de Dilma dependerá fundamentalmente do desempenho da economia e do seu próprio estilo pessoal de governar. Em condições normais de temperatura e pressão, a tendência é que o apoio popular aos novos governantes vá se diluindo lentamente ao longo do primeiro ano de governo. Nesse sentido, eu diria que o grande desafio da presidente eleita será conseguir chegar ao final de 2011 com uma taxa de avaliação positiva ainda próxima de 50%. Isso se deveria unicamente ao seu mérito.
Esses números de popularidade serão importantes até mesmo para uma avaliação preliminar do potencial de reeleição de Dilma Rousseff em 2014. Uma avaliação positiva na faixa de 40% daqui a um ano acenderia uma luz amarela mas ainda deixaria a nova presidente dentro da chamada zona de conforto. Em compensação, uma popularidade inferior a 40% certamente seria lida como um sintoma de fraqueza presidencial prematura. A sorte está lançada!
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