O recuo da produção industrial do país em 2011 em função do péssimo desempenho da economia mundial levou o governo da presidenta Dilma Rousseff a tomar medidas para recolocar a economia brasileira no caminho do desenvolvimento, de tal forma que neste ano de 2012 o PIB possa alcançar taxas em torno dos 4,5% de crescimento.
O mais importante insumo para a manutenção de taxas de crescimento econômico que garantam a expansão do emprego e da renda, que alimentam o consumo, é sem dúvida alguma a redução da taxa de juros. Sua queda contribui para sustentar em bases sólidas o consumo das famílias, principal motor da economia brasileira nos últimos anos.
O primeiro grande passo para a retomada do crescimento foi dado na semana passada pelo Copom (Conselho de Política Monetária), quando reduziu de 10,5% para 9,75% ao ano a taxa básica de juros da economia brasileira. Esse corte de 0,75 da Selic, no entanto, só contribuirá para o crescimento se chegar rapidamente ao financiamento do consumo.
Para que isso ocorra, se faz necessário que o sistema financeiro como um todo acompanhe a decisão do Banco Central e promova também cortes substanciais nas taxas que praticam no mercado. De tão elevadas, já não conseguem acompanhar os cortes da Selic e se mostram incompatíveis com qualquer estímulo ao consumo, contribuindo, assim, para desacelerar o principal motor do crescimento da economia brasileira.
Logo após a divulgação da redução da Selic de 10,5% para 9,75%, o Banco do Brasil apressou-se a anunciar uma diminuição dos juros que pratica em suas operações de crédito para pessoas físicas e jurídicas.
Informou que reduziu de 2,31% para 2,27% ao mês a taxa do Crédito Benefício; de 3,35% para 3,31% do BB Crediário; de 2,30% para 2,26% para a compra de material de construção; e de 1,32% para 1,29% para aquisição de veículos por pessoas físicas.
No caso de empresas, as reduções anunciadas são de 1,62% para 1,60% ao mês no BB Giro APL e no BB Giro Saúde; e de 2,17% para 2,14% na modalidade Capital de Giro Mix Pasep.
Anualizados, os cortes nas taxas do BB são muito modestos em relação à Selic. Para um corte de 0,75% da Selic, o BB reduziu em 0,48% a taxa do Crédito Benefício, do BB Crediário e do crédito para compra de material de construção, e em apenas 0,36% a taxa para o financiamento de veículos para pessoas físicas e para o BB Giro Saúde. No Giro para empresas o corte foi de 0,24%, um terço da redução da taxa básica de juros.
Esses percentuais se tornam ainda mais dramáticos se formos considerar as taxas de juros para o financiamento dos cartões de crédito e do cheque especial, que chegam a 240% ao ano, em média 25 vezes maiores que a Selic.
Como principal banco do país, o BB poderia ofertar reduções mais substanciais de suas taxas de juros. Regulador do mercado, se pelo menos acompanhar nas taxas que pratica os mesmos cortes da Selic, o BB poderia puxar para baixo as taxas cobradas pelo resto do sistema bancário. E, com isso, dar sua parcela de contribuição para um crescimento maior da economia.