Algumas lições não podem ser esquecidas por quem deseja ter sucesso em concurso público. Uma delas vem de uma pequena história que vou contar neste artigo. É sobre um jovem que, como tantos concurseiros que estão na luta neste momento, queria ganhar muito dinheiro. Para descobrir qual o melhor modo de alcançar seu objetivo, ele decidiu consultar um guru.
O mestre pediu que o rapaz o encontrasse na praia no dia seguinte. Vestindo terno em vez das previsíveis bermudas, o jovem chegou ao local marcado às quatro horas da manhã. A primeira pergunta do guru foi sobre o quanto rapaz desejava ter sucesso. Obviamente, o jovem respondeu que desejava muito. O mestre, então, mandou-o entrar na água. O jovem obedeceu, mas pensou: “Esse cara está louco. O que eu quero é ganhar dinheiro e não ser salva-vidas.”
O guru insistiu que ele fosse o mais longe possível. Com a água já nos ombros, nosso herói pensava: “O velho é louco. Ganha dinheiro, mas é louco!” Que situação: o guru mandou que ele fosse ainda mais longe. Já com a água na altura da boca, o jovem pensou em voltar, sempre murmurando: “O velho é louco.”
Então, o velho disse:
– Achei que você queria ter sucesso!
– Eu quero!
– Então vá mais longe…
Mais uma vez, o discípulo obedeceu. De repente, o guru segurou-lhe a cabeça sob a água. O jovem chutou, arranhou e lutou para se soltar. Quando já quase desmaiava, o velho o retirou da água e lhe explicou o sentido de tudo aquilo:
– Você só alcançará seu objetivo quando desejá-lo tanto quanto agora quer respirar.
É essa a principal lição que alguém que deseje tornar-se servidor público precisa aprender. O concurseiro só conseguirá transformar o sonho da aprovação em realidade se sua vida depender disso. Não é exagero: quem vivencia uma situação extrema assim sabe do que estou falando. O momento que muda tudo ocorre quando é preciso apostar todas as fichas numa única cartada para definir o próprio futuro e, muitas vezes, também o da família; quando não se pode falhar; quando, ao se cometer um erro, precisa-se começar tudo de novo e tentar outra vez, até que dê certo. É o tudo ou nada, calça de veludo ou bumbum de fora!
Nessa luta contra a banca e os concorrentes, muitas vezes fica-se sem fôlego, como num ataque de asma. Quase agonizando, a única coisa que se pode fazer é tentar respirar. Respirar significa viver, recuperar o fôlego e seguir em frente. A essa altura do campeonato – ou da preparação para um concurso público –, a dedicação tem de ser total. Só uma coisa importa: ler, estudar, aprender, decorar, pesquisar, sem descansar. Nada de perder tempo com futebol, televisão, telefonemas ou festas.
Essa é a odisseia do concurseiro. E esta é a lição que ele deve aprender logo cedo: quando se chega ao ponto em que fazer sucesso é tão importante quanto respirar, então o sucesso será alcançado.
O fato lamentável é que muitos dos concurseiros dizem que querem muito o sucesso, mas não é verdade. Digamos que eles “meio que querem” o sucesso. Não o desejam mais do que desejam festejar, mais do que desejam ser populares. Outros não querem o sucesso tanto quanto querem dormir, por exemplo. Alguns, aliás, amam mais dormir do que fazer sucesso. Parece exagero, mas não é. Há concurseiros que são a expressão física e acabada do que estou afirmando. Esses certamente jamais se tornarão servidores aprovados em concurso público. Esta condição cabe àquele candidato que é o oposto desses outro tipo; cabe ao concurseiro que não dorme no ponto.
Para ser um concurseiro bem-sucedido, prezado leitor, saiba que é preciso estar disposto a quase desistir do sono, ou a pelo menos trocar duas ou três horas dele por trabalho, diariamente. Quem de fato quer ter sucesso em um concurso público eventualmente terá de passar uns três dias acordado, em momentos em que dormir pode significar a perda de uma grande oportunidade. Como dizem os gaúchos, se o cavalo passa encilhado na sua frente, você tem de montar, “tchê”, pois é difícil ele passar de novo! Quer dizer, ninguém pode dar sopa ao azar. Um concurso é uma guerra. Para vencê-la, é tão importante a estratégia quanto a inteligência. Mas, em primeiro lugar, é preciso querer vencer, querer de verdade!
O tamanho da sua vontade é decisivo, assim como o quanto você está disposto a fazer em nome dessa vontade. É preciso que a vontade de passar no concurso seja tão grande que, vez ou outra, você se esqueça até de comer. Situação parecida já ocorreu, por exemplo, com a cantora Beyoncé, que se esqueceu de se alimentar durante três dias, de tão mergulhada no trabalho que estava. Há também quem não consiga dormir de jeito nenhum enquanto não conclui uma tarefa. Todo o tempo que seria de sono é dedicado ao trabalho ou aos estudos, em outra situação extrema que pode render bons frutos.
Com os concurseiros também é assim – ou precisa ser assim. Dormir pouco, sobretudo quando a “hora da verdade” se aproxima, é imprescindível para muitos candidatos a uma vaga no serviço público. O sacrifício de algumas horas de sono pode ser a diferença entre transformar o sonho em realidade ou em mais uma tentativa frustrada. O importante é manter-se alerta e jamais perder o foco, que é a aprovação.
Um último conselho de amigo: não ceda à tentação de desistir. Você está sentindo dor pelas horas de sacrifício? Dê a si mesmo uma recompensa por isso, mas não vá dormir até que tenha alcançado o sucesso. Quando, depois de todo esse sofrimento, você tiver garantido a sua vaga entre os aprovados, caro amigo, somente então, você poderá pular, dar cambalhotas, até dar dinheiro para os outros, se assim quiser… Mas o fato é que ninguém fará sucesso até ter consciência de que ele depende de esforço, de dedicação. E de muito trabalho.
Como dizia Albert Einstein, “o único lugar onde o sucesso vem antes do trabalho é no dicionário.”
Em síntese, caro leitor, com o devido sacrifício, você estará no caminho certo para a conquista do seu feliz cargo novo.