O empresário Zuleido Veras, dono da construtora Gautama acusado de ser o operador do esquema de fraude em obras e licitações públicas investigado pela Operação Navalha, tenta voltar à ativa. Segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, ele tenta "reparar o pesado desgaste" enviando cartas a políticos e órgãos públicos.
Depois de passar 13 dias preso graças, em grande parte, a informações obtidas pela Polícia Federal mediante a realização de escutas telefônicas, Zuleido evita utilizar o aparelho e prefere escrever cartas curtas em que, segundo um de seus advogados, "dá sua versão sobre o problema que, no nosso entender, será superado com o processo e a comprovação da licitude de tudo o que foi feito".
Os destinatários das cartas são deputados e vereadores. O Estado teve acesso à que foi enviada ao presidente da Câmara Municipal de Mauá (SP), Alberto Betão Pereira Justino (PSB). No texto de 22 linhas o empreiteiro afirma que "a Gautama constituiu ao longo de sua trajetória um portfólio consistente e respeitado por todo mercado, fruto da correção de suas práticas e de seu elevado grau de profissionalismo".
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Infelizmente, acrescenta, "todo esse acervo de realizações vê-se, no momento, ofuscado por um conjunto de imputações injustas e precipitadas". Ele afirma, contudo, ter fé na justiça: "Após o arrebatado clamor das últimas semanas, o exame sereno dos fatos permitirá um julgamento técnico e correto que irá recolocar esta discussão no devido trilho, permitindo que as boas práticas da Gautama sejam completamente reconhecidas".
Zuleido conclui: "A Gautama vinha operando em completa normalidade, sendo fiscalizada e recebendo aval de todas as instâncias oficiais, sem que houvesse qualquer tipo de impedimento para o desenvolvimento pleno de suas atividades. Nossas práticas estavam dentro das rigorosas exigências legais, seguindo escrupulosamente as determinações institucionais".
"Fiquei surpreso e feliz com a carta", disse o vereador Betão, que distribuiu cópia do texto a seus 16 colegas na Câmara. "Zuleido demonstra respeito com o Legislativo.Eu não tenho que prejulgar ninguém". (Carol Ferrare)
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