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Perrella disse que seu filho foi chamado a prestar depoimento por ser o dono da aeronave, mas que não tinha qualquer conhecimento de que o helicóptero havia sido usado para transportar a droga. O pedetista diz que seus adversários tentam explorar politicamente o episódio. “Quando eu vejo essas matérias, até dá nojo, às vezes, de mexer com política. Dá nojo. Cinquenta manifestantes na porta da Assembleia jogando farinha. Cinquenta. Quer dizer, querem transformar isso em um evento político, na base da sacanagem de quem não merece”, afirmou. “Quando vejo tudo isso, dá vontade de largar a política, porque é muito fácil jogar pedra”, acrescentou.
O senador disse que seu filho não bebe, não fuma e nunca usou droga. De acordo com o senador, a família foi traída pelo piloto. “Quase levei esse garoto para morar na minha casa. Ele tinha cara de gente boa. Meu único erro, nosso único erro foi confiar nele, mas quem nunca foi enganado, quem nunca confiou? É como você emprestar seu carro para alguém comprar pão na esquina e esse carro ser utilizado para traficar droga ou para cometer um assassinato. Que culpa você tem se emprestou o seu carro? Você simplesmente confiou. Então, eu não posso aceitar isso”, comparou.
Segundo o senador, o piloto foi cooptado pelo copiloto, que teria feito a proposta para transportar a droga. “Eles receberiam R$ 104 mil para fazer esse frete. O piloto ficaria com R$ 60 mil e o copiloto com R$ 44 mil”, contou.
Frete
Zezé Perrella afirmou que seu filho trocou mensagem de celular com o piloto, que havia pedido autorização para fazer um frete em São Paulo. Segundo ele, o piloto havia dito que receberia R$ 2 mil pelo serviço. “Ele deu depoimento em que disse que meu filho não sabia absolutamente nada”, declarou. “O piloto pega a aeronave e vai para São Paulo. Enfia no helicóptero 442 quilos de cocaína e vai para o Espírito Santo, num voo que ele não comunicou à Anac. Ele fez um plano de voo para a cidade de Belo Horizonte, mas foi, carregando 442 quilos de cocaína, para o Espírito Santo. Esses bandidos, graças a Deus, estavam sendo monitorados pela Polícia Federal”, discursou o senador.
PublicidadeSegundo ele, seu filho não mudou a versão sobre o episódio em nenhum momento. “A única coisa que, algumas vezes, a imprensa quis questionar – como ele disse que não autorizou o frete, e depois o advogado diz que ele autorizou – foi o fato de o Gustavo dizer que ele não autorizou o frete para o Espírito Santo. Agora, os maldosos falaram: ‘Ele disse que não autorizou; depois, disse que autorizou.’ Ele disse que não autorizou para o Espírito Santo; para São Paulo, ele disse que autorizou desde o primeiro momento. Ele não autorizou para o Espírito Santo”, retrucou.
O senador também reclamou de ter sido apontado como dono da fazenda no Espírito Santo onde a droga foi apreendida há dez dias. “O delegado disse que a fazenda não nos pertencia, mas que não poderia revelar os nomes para não atrapalhar”, afirmou. Segundo o senador, veículos de comunicação informaram que a fazenda era de propriedade da família Perrella.
Cota parlamentar
O pedetista também negou haver irregularidade no uso de dinheiro público na compra de combustível para o helicóptero. Segundo Perrella, tanto ele quanto o filho fizeram uso legal da cota parlamentar. “Temos nossa verba indenizatória, que pode ser usada para comprar passagem aérea e abastecer aeronave, dentro da cota que nós temos para atividade parlamentar. Meu filho usou durante o ano inteiro R$ 14 mil para abastecer. O último ressarcimento que ele teve foi em outubro. Sugeriram que esse voo da droga, esse voo maldito, foi feito com dinheiro público. Eu como senador já abasteci também. Usei R$ 14 mil o ano inteiro, podia usar R$ 20 mil por mês. Se tiver errado, que se mude o regimento”, afirmou.
O senador vinha sendo cobrado publicamente até por aliados para que falasse sobre o assunto. Até então, apenas seu filho Gustavo e o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, haviam se manifestado. Pré-candidato à Presidência e amigo de Perrella, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) chegou a dizer que o colega tinha de explicar o episódio. “Temos de lhe dar o direito de resposta, e é preciso que rapidamente isso seja esclarecido”, afirmou Aécio no último sábado (30).