Acusado de crimes de tráfico de influência e exploração de prestígio, o irmão do presidente Lula, Genival Inácio da Silva, o Vavá, se valeu de seus laços familiares com o poder. Grampos telefônicos feitos pela Polícia Federal durante a Operação Xeque-mate mostram que Vavá usou o nome do presidente da República para obter dinheiro do empresário de bingos e ex-deputado estadual Nilton Cezar Servo, preso pela PF. É o que revela reportagem do jornal Folha de S.Paulo deste sábado (9).
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De acordo com a publicação, o inquérito que corre na 5ª Vara Federal de Campo Grande (MS) possui 617 grampos. “A voz de Vavá consta de 16 diálogos.” O jornal diz que o irmão do presidente pede dinheiro a Servo e oferece lobby a um grupo agropecuário de Assis (SP) interessado em reverter uma decisão desfavorável no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Em 25 de março deste ano (domingo), às 19h45, Vavá diz ao ex-deputado estadual que Lula esteve em sua casa. "Eu falei pra ele sobre o negócio das máquinas lá. Ele [Lula] disse que só precisa andar mais rápido, né, bicho. E eu falei com ele sobre o negócio das máquinas, né. Falou para mim pegar o rela… [inaudível] levar pra ele lá. Tá bom?", disse Vavá, segundo a reportagem. Servo responde: "O Lula é meu irmão". E Vavá continua: "Precisa andar mais rápido com esse negócio das máquinas, viu. (…) Tem muito serviço agora."
O jornal descreve a interpretação dos policiais sobre o diálogo. “A análise da conversa indica que Vavá está usando o nome de seu irmão, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, para conseguir dinheiro junto a Nilton Cezar Servo, contraventor que tem como principal fonte de renda a exploração do jogo de azar através de máquinas caça-níqueis em diversos Estados da Federação, tais como Mato Grosso do Sul, Paraná, São Paulo e Rondônia."
Bronca presidencial
A reportagem da Folha pondera que não aparecem indícios no relatório de que Vavá tenha sido bem sucedido em seu trabalho de lobista com acesso ao presidente Lula. A edição do jornal O Estado de S.Paulo de hoje mostra que Lula poderia dar “umas broncas” no irmão por conta de suas atividades. De acordo com a reportagem, o homem é identificado apenas como Roberto e diz a Vavá que Lula quer conversar com ele no período da noite “Tem umas broncas lá, porque você anda apresentando uma pessoa no ministério”, diz Roberto.
Segundo o jornal O Globo, Dario Morelli, preso pela PF e compadre de Lula, também ameaça denunciar as “picaretagens” de Vavá ao “titio”. Para os policiais, “titio” é uma referência ao presidente.
O Estado conta que a PF inocenta Lula. O presidente não tem “qualquer participação” no episódio, segundo os policiais. (Eduardo Militão)
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