Rudolfo Lago
“Minhas propostas não foram tão claras, porque a gente fica pela emoção”. Ao final do debate na TV Globo, a própria candidata do PSC, Weslian Roriz, admitiu seu despreparo. Weslian, que substituiu na última hora seu marido, Joaquim Roriz, que renunciou à candidatura diante da iminência de ser barrado com base na Lei da Ficha Limpa, passou o debate claramente lendo o tempo todo papéis que sua assessoria colocava em sua mesa. Muitas vezes, gaguejou. Em determinado momento, quase não fez uma pergunta porque pegou na bancada o papel errado. Cometeu um ato falho, ao prometer que, em seu governo, ia “defender a corrupção”. Elogiou a cor do cenário: “Aqui é tudo azul. Maravilhoso!”
Preocupada em não passar a ideia de que seria mera marionete de Joaquim Roriz, Weslian só reforçou essa impressão: “Eu vou mandar, mas meu marido vai me orientar”, disse em determinado momento. “Em 50 anos de casada, eu tinha que ter aprendido alguma coisa”, respondeu, em entrevista ao final do debate.
Apesar dos deslizes, Weslian foi poupada pelos demais candidatos que participaram do debate: Agnelo Queiroz, do PT; Eduardo Brandão, do PV, e Toninho do Psol. A impressão que passou é que os opositores de Weslian temeram o efeito do debate de 1998 no segundo turno, quando Cristovam Buarque, então candidato do PT, bateu forte em Joaquim Roriz, então no PMDB, e acabou por vitimizar seu opositor.
Agnelo foi muito questionado, especialmente por Eduardo Brandão, pela amplitude da sua aliança, que inclui pessoas que foram aliados de Roriz e tiveram envolvimento com as denúncias da Operação Caixa de Pandora. “Minha aliança é uma das virtudes da minha candidatura, porque ela demonstra capacidade de união”, rebateu Agnelo.