O ator Wagner Moura divulgou na noite dessa terça-feira (15), em sua página no Facebook, um vídeo em que critica a “dicotomia pobre” do debate político no Brasil e o uso das investigações como “massa de manobra para a disputa política”.
“Hoje em dia no Brasil existem apenas dois lados: qualquer um que tente olhar as coisas de forma mais objetiva é colocado como alguém que está em cima do muro. Ou você é coxinha, ou você é petralha, não tem muito o que fazer”, lamentou.
Veja o vídeo:
Para o ator, o Brasil vive um dos momentos mais delicados de sua história. Na avaliação dele, o Judiciário tem sido usado para influenciar o cenário político.
“Quero que políticos corruptos sejam investigados, presos, julgados e condenados, mas quero que tudo aconteça de forma democrática, que sigam os ritos democráticos, a Constituição e o Código Penal brasileiro”, defendeu. “Me preocupam essas prisões midiáticas, me preocupa que a Justiça brasileira esteja trabalhando sob influência de uma agenda política, ou do circo midiático”, acrescentou o artista.
Wagner Moura diz que não se pode tratar a corrupção como se fosse exclusiva de um partido político. “Há um ódio político no ar muito grande. Não consigo mais conversar com meus amigos que odeiam o PT e acham que tudo é válido para tirar o PT do poder, como se a corrupção no Brasil morasse num partido só.”
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Ao finalizar a gravação, Wagner ressaltou que é a favor das investigações, com respeito à democracia. “Sou a favor das investigações, mas sou mais a favor da democracia. Por uma investigação desprovida de ódio político e pela defesa da democracia e do Estado de Direito”, finaliza.
Indicado ao Globo de Ouro este ano por seu trabalho na série Narcos, em que interpreta o traficante colombiano Pablo Escobar, Wagner Moura ganhou projeção internacional com sua atuação em Tropa de Elite, no qual dá vida ao polêmico Capitão Nascimento. O ator também é conhecido por seu engajamento político e por sua proximidade com lideranças do Psol, como o deputado federal Jean Wyllys (RJ) e o deputado estadual Marcelo Freixo (RJ), seus amigos pessoais. Em 2010, apoiou a candidatura presidencial de Marina Silva.
Embaixador mundial da Organização Internacional do Trabalho (OIT) para a luta contra o trabalho escravo, o ator vai integrar em 2016 o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, mais conhecido como Conselhão, do governo federal. Com 92 integrantes, o colegiado é composto por representantes da sociedade civil, empregadores e empregados e deve atuar como órgão de assessoramento da Presidência.