A falta de entendimento entre governo e oposição deve adiar de hoje para amanhã a votação do relatório final da CPI dos Correios. Os representantes do PT na comissão não concordam com o texto elaborado pelo deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), que classifica como mensalão, e não caixa dois, o repasse de recursos ilegais a deputados da base aliada.
Os petistas também querem que a CPI ressalte, nas conclusões finais, que o esquema liderado pelo empresário Marcos Valério Fernandes de Souza teve início em Minas Gerais, em 1998, com o senador tucano Eduardo Azeredo.
O PT ainda tenta excluir da lista de sugestões ao Ministério Público o indiciamento dos ex-ministros Luiz Gushiken e José Dirceu, enquadrados pelo relator no crime de corrupção ativa.
Serraglio avisou ontem que não aceita esse tipo de alteração e que a estratégia dos petistas pode complicar a situação do presidente Lula, que poderia ser indiciado por crime de responsabilidade. “Se eu admitir o raciocínio de que não houve mensalão, e sim caixa dois, terei que pesar a caneta para indiciar o presidente Lula por crime de responsabilidade. Temos provas, dadas por Duda Mendonça e Valdemar Costa Neto, que revelaram ter usado dinheiro do valerioduto para quitar dívidas de campanha de Lula, inclusive no segundo turno", afirmou o deputado.
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Se não houver acordo para a votação do relatório, a CPI pode terminar no próximo dia 10 de abril sem a conclusão do inquérito parlamentar. O PT deve apresentar um parecer paralelo para concorrer com o produzido por Serraglio. Pelas regras, se o texto do relator for derrotado, os membros da CPI terão de apreciar a sugestão do PT. Caso esta também não seja aprovada, a comissão de inquérito é obrigada a encerrar suas atividades sem nenhuma conclusão oficial.
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