No último discurso em plenário antes do feriado de Corpus Christi, em meio à esvaziada sessão não deliberativa de hoje (21) no Senado (que registrava três senadores presentes), o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), subiu à tribuna para fazer fortes críticas ao governador do Amazonas, Eduardo Braga (PMDB). Segundo o tucano, o governador pratica “um festival” de irregularidades no estado, incluindo uso indevido do dinheiro público, desmatamento criminoso e sonegação de impostos.
Acostumado a levar à tribuna assuntos de repercussão nacional, Virgílio pôs em pauta uma questão ligada a questões regionais e à sua base eleitoral. Afirmou que o governador chegou a desviar recursos que seriam investidos em projetos direcionados a populações indígenas no Amazonas. Logo, concluiu o tucano, trata-se de assunto de interesse nacional.
“Eu pergunto se isso é ou não é de se despertar o interesse do país, de chamar a atenção da imprensa nacional", provocou o senador em entrevista ao Congresso em Foco, dizendo que vai “até o fim nesse episódio” com o objetivo de desmascarar o governador. “O senhor Braga não vai dobrar a imprensa nacional. Tem dinheiro federal [envolvido nas supostas irregularidades], do DNIT [Departamento nacional de Infra-Estrutura de Transportes], tem dinheiro avalizado pelo Senado.”
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Dando prosseguimento à lista de desvios na gestão de Eduardo Braga, Virgílio disse que o governador e sua comitiva fazem, recorrentemente, viagens “nababescas” para a Europa, com jatinhos alugados com dinheiro público. “O [governador do Ceará] Cid Gomes [PSB] é fichinha perto dele. O governador é um ‘super Cid Gomes’”, disse o tucano, referindo-se ao fato de o governador cearense ter feito recentemente, com dinheiro público, uma viagem com a mulher e a sogra, além de outras pessoas não ligadas à comitiva oficial, para vários países da Europa – assunto que obteve ampla e negativa repercussão na imprensa nacional.
Além das viagens supostamente irregulares – o tucano afirmou que sempre pede ao governador algum tipo de comprovante de passagens ou hospedagens e ele sempre se nega a mostrar –, outro tipo de improbidade são os recursos públicos repassados para "obras fantasmas" que beneficiariam um grupo ligado a Braga. Virgílio disse ainda que Braga, que pregaria a imagem de ambientalista, tem grande número de cabeças de gado – cuja criação traria grande impacto ambiental –, mas desloca as rezes para a fazenda de uma amigo no Acre, com o objetivo de sonegar impostos.
A denúncia de Arthur Virgílio foi feita por volta das 20h, quando boa parte da imprensa já não fazia a cobertura do plenário. Após ouvir Virgílio, o Congresso em Foco tentou entrar em contato com o governador Eduardo Braga, mas não obteve retorno. (Fábio Góis)