A violência afugentou o bloco carnavalesco mais tradicional de Brasília. Um dia depois de agentes do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar do Distrito Federal entrarem em confronto com foliões que estavam concentrados nas quadras 203 e 204 Sul, o Pacotão anunciou que não sairá mais neste Carnaval.
“Para mim, o carnaval acabou ontem e não vou arriscar colocar seis mil pessoas na rua com essa falta de segurança e de infra-estrutura”, disse o diretor do bloco, Joka Pavaroti, ao anunciar o cancelamento daquele que seria o último desfile do Pacotão este ano.
Ontem (4) à noite, cerca de 20 pessoas, entre crianças, adultos e idosos, foram atingidos por tiros de borracha, spray de pimenta e bombas de gás lacrimogêneo, após confronto com o Bope. Os policiais alegam que foram recebidos com garrafas e latas pela multidão, durante a apresentação do bloco Galinho de Brasília.
A Liga dos Blocos Tradicionais de Brasília divulgou nota, defendendo a punição dos responsáveis pelo confronto. “Com episódios lamentáveis dessa espécie, os verdadeiros foliões brasilienses correm o risco de ver o incipiente carnaval de Rua de Brasília naufragar definitivamente”, afirma a entidade, por meio do comunicado.
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Com 31 anos de história, o Pacotão é conhecido por fazer sátiras à política nacional. O grupo, fundado por jornalistas ainda durante a ditadura militar, faz marchinhas embaladas pelos escândalos nacionais. Os participantes costumam se fantasiar lembrando figuras conhecidas da Esplanada dos Ministérios.
Entre os temas destacados pelo bloco este ano, as denúncias contra o ex-governador Joaquim Roriz (PMDB-DF) e o ex-presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL) e o uso abusivo dos cartões corporativos do governo federal ganharam destaque. (Edson Sardinha)
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