Sob a manchete “Violência marca eleições autárquicas brasileiras”, reportagem do jornal português Diário de Notícias comenta os recentes assassinatos de candidatos a prefeitos e vereadores às vésperas das eleições municipais.
O veículo lembra que o governo federal, em conjunto com a Justiça Eleitoral, já executou o plano de envio de tropas para garantir a segurança e a ordem durante as campanhas em comunidades carentes e favelas – os chamados “currais eleitorais”, alvos da intimidação de milícias e narcotraficantes, que escolhem e impingem seus “eleitos” ao eleitorado.
“O presidente Luis Inácio Lula da Silva, chocado com os crimes que têm ocorrido na campanha eleitoral em curso no seu país, ordenou o envio de 12 mil militares para reforçarem a segurança no Rio de Janeiro, onde ocuparão 24 áreas de risco”, diz trecho da reportagem do Diário de Notícias, que também ressalta as ameaças dos grupos criminosos a candidatos que não são “da comunidade”.
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O jornal português informa que, além do Rio de Janeiro, outros estados brasileiros sofrem com a “violência eleitoral”, e que o número de agressões e tentativas de homicídio é muito superior aos oito assassinatos de candidatos registrados até o momento.
Hermanos
Não foi só entre os patrícios que a questão da violência em épocas de eleição repercutiu. O periódico argentino La Nacion publicou hoje (12) matéria intitulada “Brasil militariza favelas mais perigosas do Rio”, na qual também comenta a força-tarefa realizada por tropas federais, sob a batuta do Estado, no combate à ação intimidatória do crime organizado.
O La Nacion diz que o efetivo militar deslocado para o Rio tem número insuficiente. Como exemplo, o jornal cita o Complexo da Maré, um dos maiores conglomerados de favelas do mundo, patrulhado por 3.500 homens da Força Nacional de Segurança, que teriam deixado o local nesta sexta-feira. O Complexo tem 132 mil habitantes, de acordo com censo realizado em 2005 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ou seja: quase 40 vezes o contingente militar.
“A atuação coordenada do Exército e da Marinha na segunda cidade mais populosa do Brasil respondeu ao pedido de auxílio do governo local para combater as quadrilhas de narcotraficantes e paramilitares que disputam o poder nas favelas e ameaçam a população para que votem em seus candidatos nas próximas eleições”, contextualiza o jornal argentino. (Fábio Góis)