Valmir Assunção*
Três militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) foram assassinados durante a jornada de luta pela terra no Brasil. Essas mortes são consequência do descontentamento de setores conservadores do país com as cobranças do movimento. A grande mídia tentou tonar invisível a luta que aconteceu em diversas cidades brasileiras, realizada pelos trabalhadores sem terra. Mas o poder público, a Secretaria de Direitos Humanos, o Incra e o Ministério do Desenvolvimento Agrário não podem fechar os olhos para o ataque do latifúndio em resposta a série de protestos que estão ocorrendo.
O primeiro assassinato aconteceu no Paraná, no assentamento Sétimo Garibaldi por volta das 19h30 do dia 4 de maio, município de Terra Rica. O militante do MST Valdair Roque, conhecido por Sopa, foi alvo de uma emboscada na porta de sua casa, quando o agricultor assentado estava acompanhado de seu filho de sete anos. No dia 6 de maio, no Rio Grande do Norte, após uma mobilização com 500 trabalhadores acampados da região de Apodi, em luta por conta da jornada de lutas do MST, dois sem terras foram executados. Dois homens em uma moto preta sem placa abordaram os dois militantes e atiraram.
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As vítimas são Francisco Laci Gurgel Fernandes, conhecido por Chacal, e Francisco Alcivan Nunes de Paiva. Ambos eram acampados há oito meses no acampamento Edivan Pinto e, durante esse período, ajudaram na organização das famílias na área. Os crimes aconteceram em área de acampamento na qual também está sendo construído o perímetro irrigado do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), área onde os sem-terra sofrem ameaças constantes de jagunços armados e seguranças da empresa que faz a obra.
Na Bahia, meu estado, o assassinato do companheiro Fábio dos Santos, em Iguaí, no sul da Bahia, até hoje não teve a devida punição. Esses assassinatos são a resposta do agronegócio ao camponês que não se submete a este modelo de desenvolvimento que degrada a dignidade humana. O Poder Executivo deve se atentar a esta realidade. A não democratização da terra, somado à impunidade resulta em mortes. Não se pode fechar os olhos, vendendo uma reforma agrária que não está acontecendo. A prova está aí. Em menos de uma semana, três assassinatos!
O Poder Judiciário também deve ser alertado. Juízes são tão rápidos em expedir reintegrações e tão morosos para julgar os casos de assassinatos contra trabalhadores. Neste mês de maio, o governo baiano recebeu os militantes do MST. Essa cobrança do movimento levou mais de 3 mil marchantes de Camaçari a Salvador e o governador Jaques Wagner, ao atender o Movimento na governadoria. Em mais uma demonstração do seu espírito republicano, o governador Jaques Wagner disse que até o dia 10 de junho o processo de Fábio será concluído pela Polícia Civil e esperamos que a justiça seja feita e os criminosos pelo assassinato do companheiro sejam devidamente punidos.
Publicidade*Valmir Assunção (PT-BA) é deputado federal