Esta semana, a Fundação Nacional do Índio (Funai) divulgou imagens inéditas de um índio que vive completamente isolado na Amazônia há pelo menos 22 anos. Sua tribo foi dizimada por fazendeiros locais na década de 90 e, desde então, o homem passou a evitar qualquer tipo de contato com outras pessoas.
As imagens, trêmulas, mostram o índio cortando uma árvore com um machado. A Funai precisa fazer registros de que o índio ainda está vivo para manter a proteção do local onde ele vive, chamada de Terra Indígena Tanaru.
A observação é feita à distância. A única interferência da equipe da Funai sobre o indígena é deixar, de vez em quando, ferramentas e sementes para plantio em locais por onde ele costuma passar.
Não se sabe o nome de sua tribo ou a língua que ele fala. Tampouco há indícios de que alguém tenha entrado em contato com ele durante todo esse tempo. Pelo contrário: há registros de que ele atirou flechas em quem tentou se aproximar.
Popularmente conhecido como “índio do buraco”, por deixar valas que servem como armadilha na mata, o homem já foi tema de pesquisas, reportagens e até de um livro. Pesquisadores o chamam de “o homem mais solitário do mundo”.
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Pelo que se sabe, sua tribo foi assassinada em ataques de agricultores e madeireiros interessados em explorar a terra onde ele vive. Uma estrada foi construída na década de 1970, fazendo aumentar a cobiça pelo terreno. Ao longo das décadas seguintes, integrantes de seu grupo foram sendo eliminados.
O último ataque, em 1995, matou seis pessoas. O “índio do buraco” foi o único sobrevivente. Segundo a Funai, os culpados jamais foram punidos.
Ainda hoje há o temor de que o índio possa ser morto por alguém que queira explorar as terras.
A atual delimitação da Terra Indígena (TI) Tanaru, onde vive o índio isolado, foi estabelecida em 2015, por meio de portaria que prorrogou a interdição de área por mais 10 anos. A área demarcada tem 8.070 hectares.
A partir da confirmação da presença do índio isolado, em 1996, a Funai realizou algumas tentativas de contato, mas logo recuou ao perceber que não era da vontade dele. A última tentativa ocorreu em 2005.
Por volta de 2012, o órgão registrou algumas roças de milho, batata, cará, banana e mamão plantadas pelo indígena, que vive basicamente desses alimentos e da caça.