Um grupo de manifestantes realizou um protesto em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF), no final da tarde desta quinta-feira (3), contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e a suspensão do julgamento de uma ação que pretende impedir a permanência de réus em postos da linha sucessória da Presidência da República – alvo de 11 inquéritos no STF (oito relativos à Operação Lava Jato), Renan pode se tornar réu caso um deles vire ação penal. Mas um pedido de vista feito pelo ministro Dias Toffoli, quando já havia maioria de plenário a favor da ação, beneficiou Renan com a indefinição de data para a retomada do julgamento, há menos de três meses para o fim do mandato do peemedebista (31 de janeiro de 2017) no comando daquela Casa.
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Munidos de cartazes, faixas e vuvuzelas, os cerca de 30 manifestantes gritaram palavras de ordem contra Renan “Canalheiros”, pediram a prisão dele e de outros “corruptos” e criticaram particularmente o ministro Dias Toffoli, que estaria a serviço do PT e de Lula e Dilma como membro do Supremo. De um carro estacionado, o grupo tirou um aparelho de som móvel, instalou-o no asfalto e, diante do trânsito intenso na Praça dos Três Poderes, região administrativa de Brasília, deu início à manifestação.
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Com uma camisa do grupo intitulado União dos Movimentos de Brasília, um homem revezava com colegas de protesto o uso de um microfone acoplado ao sistema de som, com hinos militares como fundo musical. Entre gritos de protesto e fotos em frente ao boneco gigante, os manifestantes exibiam em cartazes e faixas frases como “STF comunista, corte dos petistas” e “Bloco Brasil na luta contra a corrupção”. Na “camisa” do boneco de Renan, que segura com as mãos algemadas um exemplar rasgado da Constituição, lê-se “Partido Canalheiros” e “Meu partido sou eu”.
Tempo da Justiça
O peemedebista já é alvo de denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) liberada para julgamento em 4 de outubro, mas a demanda ainda não foi analisada pelo conjunto da corte – cabe agora à presidente do Supremo, Cármen Lúcia, determinar a data da apreciação do pedido feito em janeiro de 2013 pelo então procurador-geral da República, Roberto Gurgel, enquadrando Renan por peculato, falsidade ideológica e uso de documento falso devido a atos atribuídos a ele em 2007.
O assunto preocupa o Planalto. De acordo com matéria publicada no site da revista Veja, o governo avalia a possibilidade de impedimento de Renan como inconveniente para o momento político. A reportagem diz ainda que dois auxiliares de Michel Temer procuraram ministros do STF para tratar do assunto e tentar adiar o encontro do plenário do Supremo. Para o Planalto, o ideal é manter Renan à frente do Senado para dar tempo de aprovar a polêmica proposta de emenda à Constituição que limita gastos públicos pelos próximos 20 anos.