A vice-presidente de Fundos de Governo e Loterias da Caixa Econômica Federal, Deusdina do Reis Pereira, é investigada pelo Ministério Público Federal (MPF) e pela Comissão de Ética Pública da Presidência por negociar um investimento de R$ 200 milhões em troca de cargo na Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig). Deusdina almejava uma vaga no conselho da estatal mineira. Ela afirmou, por meio da assessoria, que não vai se manifestar sobre o episódio. A informação é do jornal Folha de S. Paulo.
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Uma investigação interna foi conduzida pelo banco e descobriu um e-mail enviado a Mauro Borges em 2015, presidente da Cemig àquela época. “Amanhã apreciaremos no Conselho Diretor uma operação de crédito para a empresa no valor de R$ 200 milhões”, escreveu ela para notificar Borges e diz em seguida que aguarda uma resposta dele sobre sua indicação ao Conselho Administrativo da estatal mineira.
PublicidadeA investigação interna da Caixa aponta que a resposta de Borges foi evasiva, afirmando que a formação da equipe do governador Fernando Pimentel (PT), à época no início do mandato, era a prioridade daquele momento. Não há informações sobre a aprovação ou rejeição do investimento. Dias depois, o Conselho de Administração da Cemig foi anunciado sem o nome de Deusdina.
Em nota, de acordo com a Folha, o banco afirmou que Deusdina era diretora-executiva de Fundos de Governo à época e “não acumulava cargos e não integrava o Conselho Diretor do banco”. Por meio de seu advogado, Mauro Borges disse que a estatal mineira já tinha uma linha de crédito com o banco em gestões anteriores à sua, e que a manteve no período em que presidiu a Cemig “sem nenhuma peculiaridade especial”. O advogado Marcelo Leonardo afirmou ao jornal que o pedido de Deusdina foi educadamente recusado e Borges “considera que não houve nenhuma relação de dependência de um assunto ao outro”. A Cemig alegou desconhecer o assunto.
Substituição recomendada
Deusdina é uma dos 12 vice-presidentes que o MPF recomendou a substituição sob suspeita de “troca de interesses” e outras irregularidades. A Caixa mantém cinco dirigentes sob suspeita de envolvimento em esquemas de corrupção. Além de Deusdina, o presidente da instituição Gilberto Occhi, Roberto Derziê de Sant’Anna (Governo), José Henrique Marques da Cruz (Clientes, Negócios e Transformação Digital) e Antônio Carlos Ferreira (Corporativo) também são alvo de investigações do MPF e do próprio banco. Eles são citados nas operações Sépsis, Cui Bono? e Patmos, conduzidas pela Procuradoria em Brasília.
O banco irá rejeitar a recomendação do MPF. Na última segunda-feira (8), Gilberto Occhi afirmou ao G1 que nenhum dos investigados será afastado, já que não há denúncias contra nenhum deles, apenas citações e delações. “Para afastar um, precisa ter denúncia concreta. Eu não tenho competência para nomear ou afastar. Não se discute afastar quatro. É recomendação para afastar todos”, disse.
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