O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, confirmou hoje, durante a reunião da Cúpula Energética da América do Sul, que vai retomar as importações de etanol do Brasil. Desde outubro do ano passado o país já não comprava álcool combustível brasileiro. Ainda assim, as vendas de etanol à Venezuela renderam ao Brasil US$ 15,897 milhões em 2006.
Ao discursar, Chávez brincou com o presidente Lula: "Quero esclarecer que nós não estávamos contra os biocombustíveis. Queremos importar etanol do Brasil, além disso, sem taxas. Lula, solicito o melhor preço possível para os próximos dez anos". O contrato será negociado entre a Petróleos de Venezuela (PDVSA) e a Petrobras. Na Venezuela, o álcool é misturado à gasolina em proporções de 10% por litro.
O anúncio da retomada das importações é um sinal de Chávez de que está flexibilizando suas opiniões sobre os biocombustíveis. Durante a manhã de hoje, ele chegou a propor que, na América do Sul, o plano de integração energético inclua a construção de usinas de etanol ao lado das refinarias de petróleo, como meio de facilitar a mistura dos dois combustíveis. "Isso significará o cultivo de milhões de hectares de cana e de palma africana, para oxigenar a gasolina", disse.
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Ontem, a disposição da Venezuela era outra. Ao lado da delegação boliviana, o país pretendia incluir na declaração que será assinada hoje pelos chefes de Estado sul-americanos a advertência de que a produção de insumos para os biocombustíveis não deve prejudicar as safras agrícolas nem as áreas de proteção florestal da região. A iniciativa foi bloqueada graças a esforços de negociação do ministro de Minas e Energia do Brasil, Silas Rondeau.
Gás Natural Veicular
Ao longo de sua palestra na reunião de cúpula, Hugo Chávez também defendeu que a América do Sul incentive a substituição da gasolina utilizada em veículos por gás natural. De acordo com os cálculos do venezuelano, só seu país economizaria cerca de US$ 10 bilhões com a troca.
Segundo a Agência Estado, durante a reunião, Chávez entregou a cada um dos participantes uma cartilha com o detalhamento de suas propostas. Para cada um dos tópicos que levantou – petróleo, gás, energia alternativa e economia de energia – apresentou um modelo focado na capacidade produtiva e exportadora da Venezuela. (Carol Ferrare)
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