Leia abaixo um resumo das reportagens sobre as centrais sindicais publicadas hoje (17) pelas duas revistas:
VEJA
A mamata dos sindicalistas
O governo do PT criou uma nova casta – a dos integrantes da República Sindical. Nunca os sindicatos, federações e confederações de trabalhadores tiveram tanta influência em Brasília. Dezenas de ex-dirigentes sindicais ocupam, hoje, postos-chave da administração pública. Eles comandam orçamentos bilionários e recebem salários até quinze vezes mais altos que os que tinham quando vestiam o macacão de operário. O perfil de dez deles ilustra esta reportagem (veja o quadro). A principal conseqüência do surgimento dessa classe de marajás é o aumento do repasse de dinheiro público para os sindicatos.
De acordo com a lei vigente desde 1937, anualmente é descontado de cada trabalhador, sindicalizado ou não, o equivalente a um dia de seu salário. Só neste ano, o imposto sindical obrigatório renderá às entidades 1 bilhão de reais. É uma dinheirama arrecadada sem esforço. Mas essa mamata, que já era boa, pode ficar ainda melhor, graças a um projeto que o governo Lula fez tramitar em regime de urgência na Câmara e agora depende de aprovação no Senado. Pela proposta, a União, que atualmente fica com 20% do que é arrecadado com o imposto – cerca de 200 milhões de reais –, repassaria metade desse valor para as centrais sindicais. Com isso, a receita anual dessas organizações, que hoje não participam da divisão da bolada, aumentaria dez vezes (veja o quadro).
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ISTOÉ
Mamata sindical
Um fenômeno semelhante ao que ocorreu na Argentina na década de 50, quando a cúpula sindical compartilhou o poder com Juan Domingo Perón, está se repetindo no Brasil sob o governo petista. Com Lula no poder, ascendeu ao aparelho do Estado uma espécie de “aristocracia sindical” que no passado tinha de acordar cedo e panfletar em porta de fábrica. Estima-se que hoje as duas principais centrais sindicais do País, a CUT e a Força Sindical – que até há bem pouco tempo eram rivais –, sejam donas de 1,5 mil cargos de confiança no governo federal, a maioria deles ligada aos Ministérios da Previdência e do Trabalho.
Essas pastas são controladas, respectivamente, pelo ex-presidente da CUT, Luiz Marinho, e pelo atual presidente do PDT, Carlos Lupi, ligado à Força. O pior é que o acesso ao poder e ao dinheiro fez com que algumas lideranças sindicais esquecessem suas bandeiras históricas. A CUT, que nasceu em 1983 vociferando contra a obrigatoriedade do imposto sindical, juntou- se agora à Força para aumentar o quinhão que lhe cabe do montante que é cobrado dos trabalhadores e das empresas. Além do que é destinado aos sindicatos pelo imposto sindical (R$ 780 milhões este ano), as entidades querem abocanhar mais 10% do total arrecadado para as centrais sindicais.
Há duas semanas, tudo parecia correr de acordo com os planos das centrais. A Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei 1990/07, que repassa metade da arrecadação com a contribuição sindical destinada ao governo federal (20%) para as principais centrais. Mas entrou areia no plano combinado. No dia 17 de outubro, na sessão final do plenário da Câmara, foi aprovada a emenda do deputado Augusto Carvalho (PPS-DF), que torna facultativa a contribuição sindical. Ora, criar um repasse às centrais sem manter a obrigatoriedade do pagamento do imposto é asfixiar o fluxo da dinheirama sindical. Daí a chiadeira generalizada. “É golpe”, esperneou o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), presidente da Força Sindical. “O que foi aprovado não reflete o que foi acordado”, disse o presidente da CUT, Artur Henrique da Silva Santos. A proposta ainda precisa ser aprovada no Senado e tudo indica que a emenda do parlamentar do PPS deverá mesmo cair.
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