Odebrecht e Embraer concentram 81% do crédito do BNDES para o exterior
BNDES só revela beneficiários de parte dos empréstimos ao exterior
A íntegra dos esclarecimentos do banco
“Primeiramente, os valores citados pelo jornalista se referem apenas às operações de pós-embarque. Segue a lista do total desembolsado pelo Banco nas operações de apoio à exportação (incluindo pós e pré-embarque):
2004 — US$ 3,8 bi
2005 — US$ 5,8 bi
2006 — US$ 6,3 bi
2007 — US$ 4,2 bi
2008 — US$ 6,6 bi
2009 — US$ 8,3 bi
2010 — US$ 11,2 bi
2011 — US$ 6,7 bi
2012 — US$ 5,4 bi
2013 — US$ 7,1 bi
Para dimensionar melhor o apoio do BNDES à exportação, vale lembrar que em 2013, enquanto o apoio na modalidade pós-embarque foi de US$ 2,5 bilhões, o total ( pré-embarque e pós-embarque) chegou a US$ 7,1 bilhões. No mesmo sentido, enquanto o total de empresas apoiadas na modalidade pós-embarque foi de 36, no pré-embarque a cifra ultrapassou 200 companhias.
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Outro ponto importante é que os projetos de exportação de bens e serviços de engenharia e construção apoiados pelo BNDES não se limitam às empresas brasileiras diretamente financiadas pelo Banco. Estes envolvem ampla cadeia de pequenas e médias empresas brasileiras fornecedoras de milhares de itens, necessários ao desenvolvimento do projeto no exterior. Aí estão máquinas e equipamentos, insumos e materiais, bens de consumo, bens intermediários etc.
Em relação especificamente ao apoio do BNDES nas operações de pós-embarque, o Banco opera a partir da demanda que recebe das empresas. Companhias com grau mais elevado de internacionalização tendem a demandar mais financiamentos do BNDES. Ao mesmo tempo, apoiar a estas companhias não retira recursos de outras empresas.
A decisão de conceder um financiamento a exportações de bens e serviços passa por um processo que envolve diversas instâncias oficiais e a partir de prioridades definidas pelo governo.
Conceitualmente, é importante destacar que os financiamentos do BNDES ao comércio exterior têm como objetivo viabilizar a exportação de bens e serviços brasileiros, ou seja, viabilizar a exportação de conteúdo nacional, que gera emprego e renda no Brasil. No país, o BNDES é a principal fonte de médio e longo prazos às exportações brasileiras, atuando em conjunto com outros órgãos do governo brasileiro.
Os financiamentos do BNDES a exportações de bens e serviços de engenharia e construção seguem os ritos de concessão de qualquer empréstimo do BNDES de mesma natureza. Ou seja, o pleito de financiamento é apresentado ao BNDES pela empresa brasileira que tenha sido vencedora de concorrência/licitação internacional, realizada pelo contratante do projeto (o importador) no exterior.
Isso significa que seja Odebrechet, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão, Camargo Corrêa ou Embraer – para ficar apenas nas empresas que você citou – apresentam seus pleitos de financiamento ao BNDES com base em projetos de exportação disputados no exterior. Todas as operações de financiamento do BNDES são submetidas ao comitê de crédito e à diretoria do Banco para aprovação final. Esse procedimento é o mesmo para toda e qualquer empresa demandante de financiamento do BNDES.
A concessão de financiamento é instrumento essencial para o sucesso das empresas brasileiras pelo mundo, em particular os fornecedores de bens e serviços de maior valor agregado, foco do apoio do Banco. Assim como ocorre na comercialização de bens intensivos em conhecimento, a oferta de uma proposta de financiamento é condição necessária para que o exportador de serviços de engenharia consiga concretizar negócios no exterior.
Todos os países competitivos no mercado internacional têm suas agências governamentais de apoio ao comércio exterior.
As exportações brasileiras de serviços de engenharia ganharam impulso na última década, em razão não só da demanda crescente de países em desenvolvimento por projetos de infraestrutura , mas também pelos esforços empreendidos pelas construtoras brasileiras para se internacionalizar. O mercado internacional é dominado por construtoras européias, chinesas e norte-americanas, movimentando anualmente cerca de US$ 500 bilhões, dos quais apenas US$ 12 bilhões correspondem a exportações brasileiras. O próprio mercado latino-americano é dominado por construtoras espanholas, que em 2011 registraram uma participação de 32% contra 16,4% de construtoras brasileiras.
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Todo e qualquer projeto de exportação de empresa brasileira, elegível pela política operacional do BNDES, é factível de apoio do Banco. Não há limites de recursos predefinidos. Conforme explicado anteriormente, não cabe falar em “melhor distribuição de recursos”, já que esta responde às demandas apresentadas ao Banco e são pulverizadas.
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O BNDES não disponibiliza em seu site, de maneira detalhada por empresas, as operações indiretas não automáticas, realizadas por meio de agentes financeiros. Isso ocorre não somente para as operações de comércio exterior de pré-embarque, mas para todas as operações indiretas não automáticas de todas as áreas do Banco. Isso porque – para que você tenha uma ideia -, o BNDES realiza mais de um milhão de operações indiretas por ano.
Para seu entendimento: as operações de pré-embarque (financiamento a empresas brasileiras para a produção interna do bem a ser exportado) financiam bens de capital, máquinas, equipamentos, ou seja, mercadorias, bens industrializados de alto valor agregado. Já as operações de pós-embarque (operações diretas) financiam a comercialização de bens e serviços de construção e engenharia. Ou seja, os financiamentos a exportações brasileiras de bens e serviços de engenharia e construção, relacionados a projetos de infraestrutura, por exemplo, são operações de pós-embarque.”
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