É o acrônimo de Plantas Alimentícias Não Convencionais, palavrinha que tem aparecido muito em textos de gastronomia ultimamente. Elas não são fáceis de serem encontradas nos mercados mas são facinhas de serem achadas na natureza. Abrangem desde plantas nativas até espécies exóticas ou silvestres. Em bom português, estamos falando de ervas daninhas. Isso mesmo. E sabe o que mais? Elas têm valor nutritivo e têm sido adotadas, com muito sucesso e sabor, por chefs de grande talento.
Sabe a Helena Rizzo, a chef do premiado restaurante Mani em São Paulo, considerado um dos melhores do mundo? Ela se encantou com uma Panc numa incursão pela mata do litoral norte de São Paulo e logo tratou de criar uma sobremesa: mil folhas com creme de caule (rizoma) de lírio e sorbet de flores de lírio-do-brejo.
As Pancs crescem espontaneamente em qualquer ambiente. Não são transgênicas e quase sempre são orgânicas. Segundo estudos de dois ambientalistas em 1991, existem no mundo cerca de 75 mil espécies de plantas não convencionais, mas até hoje poucos conhecem sua riqueza. Por desconhecimento, elas são consideradas pragas e são descartadas, perdendo-se a chance de desfrutar de seu valor nutritivo.
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Em 2014 foi lançado no Brasil o livro Plantas Alimentícias Não Convencionais (Panc) – Guia de identificação, aspectos nutricionais e receitas ilustradas, de Valdely Kinupp e Harri Lorenzi. A publicação trouxe à tona (novamente) a utilização destas plantas. Eles catalogam 351 espécies e fornecem informações sobre receitas e uso na culinária.
Algumas Pancs das quais você já ouviu falar são a taioba, o taiá, a vinagreira e a bertalha. Pesquisando sobre o tema fiquei sabendo que a rúcula era considerada até pouco tempo erva daninha e hoje é estrela de saladas. Mas é recomendável se informar mais sobre as Pancs antes de começar a consumir, pois algumas não devem ser ingeridas cruas e outras não podem ser consumidas.
Mas não deixa de ser interessante saber que as Pancs podem estar bem ali no quintal, na horta, na calçada e em terrenos baldios. Algumas têm nomes interessantes, como a jacatupé, ou feijão-batata, fonte de proteína. O dente-de-leão é fonte de vitaminas A e C e algumas pessoas costumam usar suas raízes torradas e moídas como um substituto do café.