O empresário Marcos Valério Fernandes, condenado como operador do mensalão, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a sua transferência para o presídio Nelson Hungria, na região metropolitana de Belo Horizonte (MG). De acordo com seu advogado, Marcelo Leonardo, a família tem dificuldades de visitá-lo no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília.
“Fica muito oneroso para a família fazer a viagem entre Belo Horizonte e Brasília. Além disso, a mãe dele á idosa e não viaja mais de avião”, explicou o advogado ao Congresso em Foco na tarde desta quarta-feira (25). Com esses argumentos, o pedido foi apresentado ao STF na segunda-feira. O advogado de Valério espera que a solicitação seja julgada pelo presidente do tribunal, Joaquim Barbosa, ainda no recesso.
Marcelo Leonardo disse ao site que as condições do presídio Nelson Hungria, indicado pelo governo de Minas, não diferem das da Papuda. Condenado a 40 anos de prisão por formação de quadrilha, corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro e evasão de divisas, Marcos Valério cumpre pena em regime fechado.
O STF já autorizou a mudança de presídio de sete presos de Brasília e determinou que um deles, Rogério Tolentino, permanecesse detido em Belo Horizonte. Os ex-dirigentes do Rural José Roberto Salgado e Vinícius Samarane foram transferidos para o presídio Nelson Hungria, em Minas, para onde Valério pretende ir.
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Suborno e apoio político
De acordo com o julgamento do STF, o mensalão foi um esquema de compra de apoio político de parlamentares por meio de dinheiro público e privado, operado por Valério. O esquema foi comandado pelo ex-ministro da Casa Civil do governo Lula José Dirceu, condenado a dez anos de prisão e que cumpre pena na Papuda.
PublicidadeForam condenados ainda os deputados federais João Paulo Cunha (PT-SP), José Genoino (PT-SP), Valdemar Costa Neto (PR-SP) e Pedro Henry (PP-MT). Os três últimos já estão na cadeia e renunciaram ao mandato para evitarem processos de cassação. João Paulo Cunha está solto porque tem um recurso pendente de julgamento no STF. Todos os réus negam os crimes pelos quais foram acusados, à exceção do caixa “dois” de campanha eleitoral, mas que estaria prescrito.
Em Minas
Valério ainda operou um esquema de corrupção semelhante em Minas Gerais. Lá, os beneficiários foram o ex-governador e deputado Eduardo Azeredo (PSDB-MG) e seu candidato a vice na disputa pela reeleição em 1998, o hoje senador Clésio Andrade (PMDB-MG). O caso é investigado no STF em duas ações criminais e uma cível. Todos negam as acusações de desvio de dinheiro público para injetar recursos na campanha eleitoral.