Os pagamentos de propina, segundo o Ministério Público Federal (MPF), foram feitos por meio de doações ilegais ao partido ou por meio de propagandas em nome da SOG/Setal [uma das empresas controladas por Ribeiro] em revistas da Editora Gráfica Atitude. A firma pertencia ao Sindicato dos Bancários de São Paulo e tinha Vaccari como um de seus dirigentes, conforme as investigações da Operação Lava Jato.
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Segundo informações do Ministério Público e da Polícia Federal, a Gráfica Atitude recebeu, a pedido de João Vaccari Neto, R$ 2,4 milhões do esquema de propina operado na Petrobras. Os repasses foram feitos por Augusto Ribeiro a mando de Vaccari, de acordo com os investigadores. No escopo das apurações, existem e-mails e comprovantes bancários com os registros dos repasses mensais da SOG/Metal à Gráfica Atitude. O empresário ressaltou que os pagamentos foram parcelados para não comprometer o caixa de suas empresas.
“Era João Vaccari Neto quem definia de que forma os pagamentos deveriam ser efetuados ao Partido dos Trabalhadores, tanto quanto foram realizados mediante doações oficiais aos diretórios deste partido”, afirmou o empresário à PF. “As reuniões que tive como João Vaccari para tratar desse assunto, notadamente sobre os pagamentos a Editora Gráfica Atitude, ocorreram em sua maioria na própria sede do Partido dos Trabalhadores em São Paulo”, mencionou o empresário.
“Não me recordo se de fato foram feitos alguns anúncios pela Editora Gráfica Atitude em favor da SOG/Setal, mas posso afirmar com certeza de que se de fato houvesse esses anúncios eles custariam muito menos de R$ 2 milhões que foram repassados à Gráfica Atitude”, disse o empresário à Polícia Federal. “Solicitei a Vaccari que os pagamentos fossem efetuados em periodicidade mensal para não comprometer o caixa das empresas”, assinalou o delator à PF.
Outro lado
O PT tem afirmado que “todas as doações recebidas pelo partido ocorreram dentro da legalidade”. Vaccari também nega que tenha pedido propina ao empresário. Os advogados do petista argumentam que a delação premiada do executivo contém “declarações dúbias e contraditórias”.
A defesa de Vaccari alega que documentos obtidos pelo MPF apenas confirmam uma eventual relação comercial entre os dois estabelecimentos. Os advogados admitem que houve uma parceria entre o grupo Setal e a Editora Gráfica Atitude, mas que isso “nada prova contra o acusado, que não solicitou depósito para a editora”.