O líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), mais uma vez, refutou ter redigido sob influência de lobbies o projeto de lei sobre a liberação de sementes estéreis (chamadas de terminator). Ele diz que não houve interferência em sua proposta da indústria de alimentos e de multinacionais como a Monsanto. Vaccarezza considerou “grave” o entendimento de entidades ambientalistas e da agricultura familiar segundo as quais ele atendeu a um lobby. O deputado pediu mais apurações sobre o caso.
Reportagem publicada hoje por este site mostra que um projeto do líder do governo foi redigido com auxílio da advogada Patrícia Fukuma, conhecida por defender causas da indústria de alimentos e de empresas com patentes de transgênico, entre elas a Monsanto. O nome de Patrícia aparece como a autora do arquivo do projeto de lei de Vaccarezza, disponível no site da Câmara.
“É grave você acusar um deputado de atender ao lobby de uma grande empresa multinacional”, disse. “Eu não tive nenhum contato com a Monsanto, e a Monsanto não me trouxe nada. Eu nem conheço essa Patrícia Fukuma”, afirmou Vaccarezza.
Leia também
De acordo com documento obtido pelo Congresso em Foco, nas “propriedades” do arquivo do PL 5575/2009, Patrícia Fukuma aparece como autora do documento. A advogada nega coautoria do projeto, mas admite ter dado “pitacos” na proposta e diz não ter sido autora por inteiro. Patrícia nega que advogue para a Monsanto, apesar das informações da assessoria da empresa.
Na tarde de ontem (21), em ligação gravada, a assessoria de imprensa da multinacional colocou Patrícia como uma das “pessoas que atende a Monsanto em relação a esse tema”. Às 17h38 de hoje (22), a assessoria voltou atrás e afirmou que “deve ter havido um mal entendido”, pois Patrícia não é advogada da multinacional.
Sobre o projeto, Vaccarezza afirma que a intenção é incentivar a pesquisa com os transgênicos e desfazer a imagem de que transgênico é um “veneno” para a saúde. A proposta, além de liberar o uso, comercialização e pesquisa das tecnologias genéticas de restrição do uso (Gurts, sigla em inglês) no Brasil – hoje proibido pela Lei de Biossegurança (Lei 11.105/2005) –, prevê mudanças na rotulagem dos transgênicos. Leia a íntegra do projeto.
“Eu quero incentivar a pesquisa com os transgênicos. Acho que é um avanço da humanidade. Sou defensor dos transgênicos e defendo em qualquer lugar”, disse Vaccarezza. “Eu não sou deputado de lobby. Eu não tenho medo de defender minhas ideias. Se pegar desde quando eu era deputado estadual, eu sou um deputado de ideias, de teses, eu não sou de lobby, de esquema”, finalizou.
Veja ainda:
Projeto permite introduzir no país transgênicos vetados pela ONU