No cotidiano usamos palavras que, apesar de conhecidas, não sabemos sua origem. A origem de uma palavra, muitas vezes, tem um significado diverso daquele que é empregado. E, muitas vezes, por melhores que sejam, os dicionários não trazem a explicação sobre essa origem.
Na última e maior greve da história do Paraná, em março deste ano, os professores e funcionários das escolas estaduais foram chamados pelo governador Beto ’Hitler’ Richa, do PSDB, de ’baderneiros’. A reação dos educadores foi ótima e bem humorada: mandaram confeccionar camisetas com duas frases. Na frente, estava escrito: ’sou baderneiro da educação’. Nas costas, a resposta política e a provocação: ‘mas não ando de camburão’.
Ser baderneiro da educação, para os que sabem a origem da palavra, como os professores, é uma honra, pois podem ensinar a história correta aos alunos e tiveram a oportunidade de, também, ensinar o governador, que até aquele momento era Richa. Hoje, tem outro sobrenome: ’Hitler’.
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Melhor baderneiro que andar de camburão, como Beto Hitler impôs ao seu secretário de [In]Segurança Pública e aos deputados de sua base. Hitler impôs, segundo ele, para “protegê-los”. Foram de camburão para a Assembleia Legislativa para não ouvir os clamores educativos dos professores.
Certo que se em nosso Paraná existisse segurança pública e justiça, alguns deveria ir de camburão, mas para outro lugar.
Mas vamos lá: Beto, preste atenção. Baderneiro é derivado da palavra ’baderna’. O dicionário Houaiss diz que baderna é um substantivo feminino e que tem um uso pejorativo, com os seguintes significados: (1) situação em que reina a desordem; confusão, bagunça; (2) divertimento noturno; boêmia, noitada; (3) conflito entre muitas pessoas; briga, rolo; e, por metonímia significa “grupo de pessoas desprezíveis; corja, súcia”.
Acredito, e não tenho nada para duvidar, que o governador Beto Hitler e outros personagens de seu governo usaram a palavra “baderneiro” com o intuito de chamar os nossos educadores e educadoras de “bagunceiros” ou mesmo de “pessoas desprezíveis; corja, súcia”.
Hoje, depois de toda violência que o governador Beto Hitler impôs aos servidores e servidoras do nosso Estado, está mais claro que ele quis dizer que os professores são uma corja. E corja se trata com violência.
Bagunça, ainda de acordo com o Houaiss, é “falta de ordem; confusão, desorganização”. Neste caso, também Beto Hitler errou, pois a greve era organizada e dentro de toda a ordem estabelecida no Estado de Direito.
Psiu, Beto, preste atenção. A palavra surgiu em fins do século XIX quando, por ocasião da apresentação de uma companhia de dança da Itália. A principal dançarina da companhia era Marietta Maria Baderna. Era uma moça liberal, inovadora na dança e classificada de ’espírito rebelde’.
Ela organizou as primeiras manifestações reivindicatórias dos artistas da época. Quando por ocasião de qualquer manifestação (reivindicatória ou mesmo artística) ‘barulhenta’ em que ela participava, dizia-se: “lá vem a Baderna”.
Não entenda o título deste breve texto como uma posição de arrogância, mas Beto precisa destas informações. Precisa saber a origem da palavra baderneiro.
Ele não sabe até porque ele não é favorável a que as pessoas recebam boa formação profissional. Isto está bem claro em declarações do próprio, em uma entrevista que concedeu à CBN Curitiba em março de 2012. Na ocasião, declarou que acha positivo que os policiais militares do Paraná não tenham diploma de curso superior. ”Uma pessoa com curso superior muitas vezes não aceita cumprir ordens de um oficial ou um superior”, alegou o tucano.
O que Beto ‘Hitler’ Richa quer é um bando de idiotas e/ou de pessoas desinformadas que possam cumprir cegamente as ordens de seu comando. Quer uma tropa que cumpra ordens de bater, agredir, espancar e matar, se for preciso. Quer uma tropa que não pense. Quer uma tropa que odeie os “baderneiros”, e os espanque como fez no último dia 29, afinal.
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