O corregedor do Senado, senador Romeu Tuma (PTB-SP), anunciou hoje que irá a Belém, na próxima quinta-feira (5), acompanhar os desdobramentos da prisão do principal suspeito de matar o senador Olavo Pires (PTB-RO). Carlos Leonor de Macedo, o Perneta, foi preso na última sexta-feira (27), em Santarém (PA), por porte illegal de armas. A Polícia Civil paraense encontrou com ele duas pistolas 9 milímetros.
O chefe da Delegacia de Homicídios de Porto Velho, Márcio Mendes Moraes, toma neste momento, na capital paraense, o depoimento de Carlos Leonor, que teria disparado os 14 tiros que mataram o senador em 16 de outubro de 1990.
“Esse caso tem de ir pra frente. Os criminosos já temos. Temos de saber quem foram os mandantes”, afirmou Tuma ao Congresso em Foco.
Carlos Leonor estava em liberdade desde maio do ano passado, quando deixou a Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem (MG), após cumprir pena por porte ilegal de munições e armas de uso restrito do Exército e por uma série de furtos de veículos praticados
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Caso retomado
As investigações sobre o assassinato do senador foram retomadas no mês passado depois que João Ferreira Lima foi preso pela Polícia Civil mineira no
A revelação levou o delegado Márcio Mendes e a promotora Rosângela Marsaro, do Ministério Público de Rondônia, a Minas. Na presença dos dois, ele negou ter sido o autor dos disparos. O preso disse ter recusado o convite para acompanhar a execução.
Romeu Tuma informou que recebeu uma série de relatórios sobre as apurações feitas até agora e defendeu a unificação das investigações do caso. “O inquérito começou comigo. Depois que saí da diretoria da Polícia Federal, quatro delegados passaram pelo caso. Isso atrapalhou as investigações”, afirmou.
O atual corregedor do Senado era diretor geral da PF quando Olavo Pires pediu proteção de policiais federais por causa das ameaças de morte que vinha recebendo. O pedido foi encaminhado por ofício ao então ministro da Justiça, Bernardo Cabral. Após o assassinato do senador, Cabral negou ter recebido o documento.
O successor dele na pasta, Jarbas Passarinho, admitiu que o pedido chegou ao ministério cerca de um mês antes do assassinato. Mas alegou que o senador havia recusado a segurança federal. A família e os amigos de Olavo nunca aceitaram essa versão.
Contradições
Olavo Pires foi assassinado
Em 1993, João Ferreira Lima e Carlos Leonor Macedo chegaram a assumir a autoria do assassinato e a apontar Piana como mandante do crime. Mas, em depoimento à CPI da Pistolagem, a dupla recuou e alegou ter feito a confissão sob tortura. Por falta de provas, os dois acabaram soltos.
No início das investigações, ainda em 1990, João Ferreira e Carlos Leonor chegaram a ser presos
A CPI da Pistolagem, da Câmara, apurou o caso e concluiu, em 1994, que os dois participaram da execução do senador. João Ferreira seria o condutor do veículo. O motorista de Olavo, Vitoriano Lino, chegou a reconhecer Carlos Leonor
Perneta
As testemunhas do assassinato relataram, na época, que o atirador deixou o local do crime mancando. Carlos Leonor tem o apelido de Perneta porque tem uma deficiência na perna esquerda, resultado de quatro tiros que levou em uma briga
A CPI chegou à conclusão de que o senador foi assassinado por contrariar interesses econômicos e políticos de personalidades de Rondônia. E apontou o grupo ligado ao então governador Oswaldo Piana
Desde ontem, o Congresso em Foco tenta reconstituir o crime e as investigações por meio de uma série de reportagens. Confira:
O assassinato do senador Olavo – capítulo 1
O assassinato do senador Olavo – capítulo 2
Não perca amanhã a terceira reportagem da série. (Edson Sardinha)