O corregedor do Senado, Romeu Tuma (PTB-SP), declarou agora há pouco que, embora só tenha tomado conhecimento do assunto no fim de semana, não descarta a culpa da polícia do Senado no caso de investigação do senador Marconi Perillo (PSDB-GO), supostamente a mando do presidente licenciado do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). “Eu nunca desacreditei de nenhuma informação”, ponderou o senador, que é membro da Interpol, a polícia internacional, e já foi diretor-geral da Polícia Federal, entre outras funções na área de segurança pública.
“Alguns detalhes que saíram na Veja foram surpresa para mim, como o provável envolvimento da polícia do Senado”, disse Tuma à entrada do plenário. “A hipótese tem de ser aceita, você tem de investigar para ver se houve ou não conivência da polícia do Senado. Conheço o Marconi Perillo, é uma pessoa de bem, não é falso, e acredito que a informação que recebeu de terceiros teria algum fundamento a ser investigado.”
Segundo as denúncias, a polícia do Senado teria contratado um conhecido escritório de investigação política de Brasília para investigar o senador goiano, que teria os telefones de seu gabinete no Senado grampeados e os sigilos fiscal e bancário quebrados. A intenção dos arapongas seria descobrir possíveis irregularidades praticadas por Marconi. O fato foi noticiado pela revista Veja na edição desta semana. (leia)
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Marconi Perillo é publicamente favorável à cassação de mandato de Renan Calheiros, e, por causa disso, estaria tendo a vida devassada pelos “detetives” da Casa – o que configuraria abuso de prerrogativas institucionais. Nesse processo, o peemedebista é acusado de usar "laranjas" na compra de veículos de comunicação em Alagoas.
O relatório que recomenda a cassação de Renan por quebra de decoro parlamentar, elaborado pelo senador Jefferson Péres (PDT-AM), foi aprovado por ampla maioria no dia 14 de novembro, no Conselho de Ética. Às vésperas da sessão secreta, em plenário, que decidirá o futuro de Renan na política – a votação está marcada para as 15h de amanhã (04) –, a denúncia pode ser mais um elemento determinante na análise dos senadores.
Romeu Tuma concorda. Questionado por uma repórter se a nova denúncia noticiada na revista semanal poderia complicar a “possível” absolvição de Renan Calheiros, foi enfático. “Eu não sei se tem absolvição, você que está falando, e eu não vou te desmentir. Mas ela [a denúncia] afeta, claro. Cada fato que ocorre, e apontam imediatamente o dedo para o presidente Renan, acumula algumas informações anteriores”, disse. Segundo a revista, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) também estaria sob o foco da suposta arapongagem determinada pelo senador alagoano.
Tuma acrescentou que já está verificando como serão feitas as investigações em Goiás. “Falei agora com o secretário de segurança de Goiás e ele está pondo em contato comigo o diretor da polícia e o delegado que fez as investigações preliminares, para que eu tenha conhecimento da identificação dos detetives e de quem disse que a polícia do Senado estava envolvida, para que essa pessoa venha identificar, pelo álbum de fotografias, se reconhece”, concluiu. (Fábio Góis)
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