Defensor da inocência do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o corregedor da Casa, Romeu Tuma (DEM-SP), não devota ao senador Joaquim Roriz (PMDB-DF) a mesma credibilidade. Ontem, Tuma voltou a afirmar que há indícios de que Roriz quebrou o decoro parlamentar.
"A explicação dele é frágil. Qual é a razão de se descontar um cheque de mais de R$ 2 milhões na boca do caixa, ir para a casa de uma terceira pessoa para dividir esse dinheiro e não ter notificado a transação no Conselho de Controle das Atividades Financeiras (Coaf)?", questionou.
Durante as investigações da Operação Aquarela, a Polícia Civil do DF flagrou uma conversa em que Roriz tratava com Tarcísio Franklin de Moura, ex-presidente do BRB, a divisão de R$ 2,2 milhões. Segundo o ex-governador do DF, o dinheiro seria do empresário Nenê Constantino, dono da Gol Linhas Aéreas. Roriz afirma que descontou o cheque do Banco do Brasil no BRB apenas por uma questão de comodidade e que Nenê lhe emprestou R$ 300 mil e ficou com o restante da quantia.
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Ontem, após um discurso emocionado na tribuna do Senado (leia), Roriz disponibilizou "para quem quiser ver" documentos que, segundo ele, comprovam a licitude do empréstimo, utilizado para pagar uma bezerra, batizada com o sugestivo nome de "Miragem", da Associação de Ensino de Marília. Para Tuma, os documentos são "insuficientes".
De acordo com o corregedor, Roriz disponibilizou apenas cópia da documentação de compra da bezerra, a cópia do cheque de R$ 2,2 milhões e uma declaração em que Constantino afirma ter emprestado R$ 300 mil ao senador do DF. "É preciso investigar, mas, sob o aspecto moral, há dúvidas sobre a questão ética", disse.
Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, Romeu Tuma se reuniu ontem por mais de uma hora com o procurador geral de Justiça do DF, Leonardo Azeredo Bandarra. O MPDF já encaminhou as investigações contra Roriz ao procurador geral da República, Antonio Fernando de Souza. "O fato de as investigações relacionadas o Roriz terem sido mandadas para a procuradoria mostram que o Ministério Público do DF enxergou que o senador cometeu algum crime", avaliou o corregedor. (Carol Ferrare)
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