Na edição on line de ontem (segunda-feira, 14), o Congresso em Foco publicou que o candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin, disse, durante ato de campanha em São Paulo, que os sucessivos ataques do PCC no estado são "um ato de terrorismo com fins políticos e eleitorais contra o PSDB".
Minutos depois, o candidato do partido ao governo, José Serra, endossou a tese. "Esse crime organizado tem a intenção de influir na eleição contra o PSDB. Isso é muito claro", declarou.
Apesar de vincularem os ataques do PCC ao processo político-eleitoral, tanto Alckmin quanto Serra evitaram citar algum partido político. Os dois concederam entrevistas coletivas separadamente, mas utilizaram o mesmo discurso, ao comentarem o seqüestro de dois funcionários a TV Globo: o repórter Guilherme Portanova e o auxiliar técnico Alexandre Calado.
Os dois foram seqüestrados na manhã de sábado. Calado foi libertado na noite de domingo e Portanova, no início da madrugada de segunda-feira. Para garantir que o repórter fosse colocado em liberdade, a emissora cumpriu a condição estabelecida pelo PCC: veiculou mensagem em que a organização criminosa critica o regime disciplinar diferenciado (RDD), que permite o isolamento – na prisão - dos seus principais líderes.
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"Essa ação parece terrorismo, mas não estou dizendo que tem um partido instruindo o PCC, estou dizendo que o PCC é contra o PSDB. Isso é indiscutível", reforçou Serra. Alckmin também seguiu na mesma linha: "Não estou dizendo que a ação é partidária, estou dizendo que eles querem interferir no processo eleitoral contra nós".
Alckmin e Serra elogiaram o trabalho que o governo de São Paulo vem fazendo no combate ao crime organizado. Para explicar o surgimento do PCC em um estado administrado há quase 12 anos pelos tucanos, eles disseram que isso vem ocorrendo porque a política de São Paulo é eficiente e prende mais bandidos que as outras do país.
Veja outros destaques da edição on line de ontem:
Lula cobra união dos governos para combater facções
O presidente Lula disse que os governos federal e estadual devem se unir para derrotar o crime organizado em São Paulo. Em pronunciamento na reunião do conselho político de sua campanha, no Palácio da Alvorada, o presidente afirmou que a população será presa fácil dos bandidos se as duas esferas agirem separadamente.
Mesmo repetindo que o tema não podia ser politizado, Lula pediu que os aliados e ministros não mostrem "vacilação" ao falar das ações do governo para resolver a crise da segurança em São Paulo. Acrescentou que o Estado não pode se intimidar com chantagens e exigências de uma organização criminosa que, neste momento, busca agir como um movimento político, segundo ele.
Na sua opinião, não se pode "permitir a politização desse debate, a sociedade espera uma ação profunda dos governantes para resolver esse problema". "Se permitirmos que a moda pegue, que os bandidos continuem fazendo chantagens e exigências descabidas contra o Estado brasileiro, eu acho que o Estado se colocará como um derrotado. Quando todos aqui forem falar com a imprensa, em nenhum momento devem mostrar vacilação, temos de ser duros", completou Lula.
O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, foi chamado pelo presidente para fazer um relato sobre os funcionários da TV Globo no sábado. Lula destacou as experiências de trabalho conjunto do governo federal com os estados do Mato Grosso e do Espírito Santo, que ele considera bem-sucedidas.
PT pede ação por campanha contra voto em mensaleiro
O diretório paulista do PT apresentou ao Ministério Público Eleitoral notícia-crime contra a organização não-governamental Transparência Brasil. Em campanha publicada em seu site na internet, a entidade "exorta o eleitor a não votar em mensaleiros, sanguessugas e implicados em outros escândalos", segundo a ação do partido.
O manifesto, intitulado "Não vote em mensaleiro", não menciona partidos, mas sustenta que deputados indiciados criminalmente tentam a reeleição para conseguir foro especial (parlamentares federais só podem ser processados no Supremo Tribunal Federal).
"Alvos de processos movidos pelo Ministério Público, indivíduos responsáveis tanto pela distribuição quanto pela recepção de subornos buscam na reeleição proteção contra a Justiça", diz o texto da Transparência Brasil.
Para o PT, a ONG se excedeu na campanha. O partido alega, na notícia-crime, assinada pelo presidente do diretório paulista, Paulo Frateschi, que se baseou na "presunção da inocência" para incluir nomes de parlamentares acusados de envolvimento com o mensalão, mas absolvidos no plenário da Câmara, na lista de candidatos.
"Não se omita nem desanime", diz presidente do TSE
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Marco Aurélio de Mello, fez um pronunciamento na noite de segunda-feira, em cadeia nacional de rádio e televisão, para informar a população sobre o início do horário eleitoral gratuito, amanhã, e ressaltar a importância do voto.
"É hora de prestar atenção no que (os candidatos) dizem, como se comportam, no que fizeram no passado e, principalmente, de saber se essas pessoas são de fato corretas e cumpridoras dos deveres. Quem não obedece à lei não merece respeito e muito menos o seu voto", disse Marco Aurélio.
O ministro lembrou que nestas eleições serão escolhidos o presidente, os governadores, os senadores e os deputados federais e estaduais. Marco Aurélio ressaltou que os que assumirão os mandatos serão os responsáveis "pelos preços dos alimentos, pela qualidade do ensino, os investimentos na área da saúde, a habitação, os transportes, a segurança, a taxa de juros, o valor dos impostos, tudo".
No final do pronunciamento, Marco Aurélio fez um apelo aos eleitores: "Lembre-se, caro eleitor. Nenhum deles será nomeado e, sim, eleito, escolhido diretamente pelo voto. O momento requer a maior atenção. É hora de nos prepararmos para a verdadeira revolução que é feita pelo voto. Não se omita nem desanime. Participe e mostre todo seu empenho e poder. Pense e vote".
Suplicy: Lula deve participar de debates
Para o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), candidato à reeleição, o presidente Lula deveria repensar a participação em debates eleitorais. No seu entender, essa seria a melhor forma de contribuir com a campanha de Aloizio Mercadante (PT-SP) para o governo paulista.
"Com isto, o presidente estará levando o José Serra (candidato tucano ao governo de SP) à inevitabilidade de ter de participar também dos debates para o governo do estado", afirmou Suplicy.
O senador disse ainda que o presidente não tem que temer os ataques que sofrerá durante os debates. "O debate constitui a melhor maneira de possibilitar aos eleitores conhecer as propostas e atitudes dos candidatos", enfatizou.
Eleições deverão atrasar horário de verão
O ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, discutirá com representantes do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a possibilidade de atrasar até o início de novembro a vigência do horário de verão deste ano por causa das eleições. Normalmente, a mudança ocorre no meio de outubro.
A razão é evitar que a mudança de horário ocorra entre um turno e outro, o que exigiria a reprogramação das urnas eletrônicas antes do segundo turno. A medida poderia provocar grande transtorno e trazer dificuldades de logística à Justiça eleitoral.
Para o ministro, a tendência é adiar, já que a antecipação poderia prejudicar a população, inclusive em relação à segurança. Afinal, no último domingo antes das eleições, dia 24 de setembro, a luminosidade ainda não será suficiente para adiantar os relógios em uma hora.
Em 2002, quando o horário de verão também foi adiado por causa das eleições, a medida entrou em vigor no feriado de Finados (dia 2 de novembro), que foi uma terça-feira.
Greenhalgh: não existe mais o "Lulinha paz e amor"
O deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) declarou, em reunião com 30 empresários, que o presidente Lula está no limite da paciência com as acusações feitas pela oposição contra seu governo.
Ele também afirmou que nesta eleição "não tem mais esse negócio do Lulinha paz e amor". O deputado, que participava de um debate com o vereador de São Paulo, José Aníbal (PSDB), em um hotel, ainda teria argumentado que o clima não é bom e o presidente estaria agora mais para a linha do bateu-levou.
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