Em entrevista à revista Istoé desta semana, o ex-governador de São Paulo Cláudio Lembo (PFL) lança severas críticas ao seu próprio partido e ao PSDB. Nascido para a política na Arena, berço dos pefelistas, Lembo diz que chegou o momento de o PFL dar fim a sim mesmo, deixar de ser a legenda dos coronéis e buscar bandeiras mais identificadas “com os pequeno-burgueses da cidade e do campo”.
“O velho PFL acabou”, decreta. Mas, na avaliação de Lembo, o partido não está sabendo ocupar o espaço político deixado pelo PSDB. “Os tucanos são autofágicos, comem-se a si mesmos. Isso não leva a nada, mas acho que eles não entendem”, critica.
A autocrítica partidária do ex-governador coincide com o momento em que a sigla discute a sua “refundação”, processo que deve culminar com a mudança de nome da legenda para Partido Democrata (PD), conforme aprovou esta semana a Executiva Nacional.
Dono de uma língua ferina, o ex-governador, que concluiu os últimos nove meses do mandato de Geraldo Alckmin, não poupa críticas ao seu sucessor, José Serra (PSDB), a quem aconselha ser “menos narcisista”.
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“Eu creio que o governador Serra seja um homem tão preparado que não precisa de diálogos com pessoas que não tenham uma experiência tão grande quanto a dele. Ele certamente se acha mais experiente que os demais e por isso nunca precisou de nenhum diálogo comigo”, disse, ao lembrar que não foi procurado por seu sucessor para passar informações sobre sua gestão.
“Lamentavelmente, tenho até mais tempo de vida [que Serra]. E de política também. Eu vivi momentos muitos difíceis na política, mas isso é muito subjetivo e de cada um. Certamente cada um valoriza a sua vida e os momentos mais difíceis das suas carreiras. É preciso lembrar, porém, que no governo se pode tudo, menos ser narcisista”, emendou.
Para o ex-governador, os expoentes do PSDB, especialmente os de São Paulo, pecam pela soberba. “O tucano, em geral, tem uma introversão que o faz viver apenas no seu ninho e não permite uma boa relação com o mundo exterior. Salvo os tucanos, talvez, de outros Estados do Brasil. Aqui em São Paulo, o tucanato tem uma idéia própria de superioridade perante os outros. Isso é grave. O que temos visto no mundo é que quando a intelectualidade tenta dominar a sociedade, isso gera um grande problema.”