O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), protagonizou uma cena hilária agora há pouco nos corredores dos gabinetes da Casa, tendo como “coadjuvante” o líder do DEM, senador José Agripino (RN). De gabinete em gabinete, Virgílio tentava recolher 27 assinaturas (número mínimo regimentalmente exigido) entre seus pares para garantir a abertura da CPI mista dos cartões corporativos. Mais cedo, o presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), arquivou o requerimento de instalação da CPI mista alegando erros de redação. Com isso, a coleta de assinaturas teve de ser reiniciada entre os senadores.
Virgílio saiu da sala liderança do partido, onde obteve a adesão da senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO), com 23 assinaturas. Como faltavam quatro, saiu em disparada – seguido atentamente por jornalistas, numa espécie de romaria em busca de signatários – em direção aos corredores dos gabinetes, onde estivera momentos antes sem muito sucesso (a maioria dos senadores já havia deixado a Casa).
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Entretanto, com a ajuda de assessores e acionando contatos por telefone celular, seguia sua “peregrinação” em busca de assinaturas quando encontrou um José Agripino relativamente tranqüilo, mas ávido por novas adesões. “Cadê o Heráclito [Fortes, DEM-PI]?”, indagou Virgílio ao seu companheiro de oposição, sem tirar o celular da orelha.
Enfim
Por telefone, Virgílio conseguiu a confirmação da assinatura de mais quatro senadores – o que já garantiria a abertura da CPI, segundo as exigências regimentais: Serys Slhessarenko (PT-MT), cujo requerimento seguiu até sua casa pra que ela assinasse; Rosalba Ciarlini (DEM-RN); José Maranhão (PMDB-PB); e Heráclito Fortes (DEM-PI). Este último trocou por telefone breves – e auspiciosas – palavras com o líder tucano.
“Você me espera voltar para pegar tua assinatura? Vou no (sic) Celso de Mello [ministro decano do Supremo Tribunal Federal] rapidamente”, disse Virgílio, revelando que se encontraria em seguida com o magistrado e dando a entender que encontraria Heráclito Fortes no Senado. “Está certo, está garantido”, assegurou, comemorando mais uma assinatura obtida.
Caça ao lobo
Até o mais novo senador da Casa, Edinho Lobão (DEM-MA), não escapou da busca frenética de Arthur Virgílio e José Agripino. A certa altura da “romaria”, Virgílio – que já havia entrado nos gabinetes de Epitácio Cafeteira (MA, líder do PTB no Senado), Marconi Perillo (PSDB-GO) e Efraim Morais (DEM-PB) – ia passando pelo gabinete de Edinho Lobão, como o empresário é conhecido, quando perguntou a Agripino:
“O Lobão está aí”, soltou, com ar de galhofa, olhando para os jornalistas e levando todos aos risos. O bem-humorado “desespero” (leia-se pressa) do senador tucano deixava a tarefa menos trabalhosa. E, como José Agripino sucintamente definiu, "engraçada".
Aos risos, Virgílio entrou no gabinete do filho do ministro Edison Lobão (Minas e Energia), mas não conseguiu a assinatura (Lobinho já havia deixado a toca).
Como os literais esforços de Virgílio e Agripino sinalizaram, a reapresentação da CPI, com as 27 assinaturas, pode até mesmo ser protocolada ainda hoje (14) na Secretaria-Geral da Mesa. Na próxima quarta-feira (20), em sessão do Congresso, deverá ser realizada a leitura do requerimento no plenário da Câmara ou do Senado – exigência formal para a instalação da CPI. (Fábio Góis)
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