Uma espécie de mini-tropa de choque feminina anti-Renan manifestou agora há pouco ao Congresso em Foco o clima de indisposição contra o presidente licenciado do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), momentos antes da votação que pode suspender seus direitos políticos. A presidente nacional do Psol, Heloísa Helena (AL), acompanhada pela deputada Luciana Genro (Psol-RS), disse à reportagem, antes de entrar no plenário, que espera que os senadores sejam fiéis aos ditames penais e votem pela cassação de Renan.
“Espero que a legislação vigente, o Código Penal, a Constituição Federal, o Código de Ética e Decoro Parlamentar sejam efetivamente respeitados, até porque todos os procedimentos investigatórios que foram instalados no Conselho de Ética apresentam todas as provas de tráfico de influência, de intemediação de interesses privados, de exploração de prestígio, corrupção ativa e passiva, formação de quadrilha e enriquecimento ilícito”, enumerou Heloísa, uma das mais expoentes figuras da oposição ao governo.
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Apesar de o clima entre os senadores ser pela absolvição do senador, a alagoana diz que seu conterrâneo merece a degola política.
“Esperamos que o Senado tenha a coragem necessária de aparecer mais uma vez perante a sociedade como a reprodução de um balcão de negócios sujos, onde se troca absolvição, CPMF, cargos, prestígio, liberação de emenda e poder. Acho que fica muito feio, e acaba combalindo a já tão combalida democracia representativa no Brasil.”
Já Luciana Genro comentou os rumores de que o governo usaria a possível absolvição de Renan como moeda de troca para a aprovar a prorrogação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), que estende por mais quatro anos a cobrança do tributo.
“Se isso se confirmar, constitui uma grande negociata, um grande ‘acordão’, que demonstra que mesmo muitos daqueles que insistiram para que Renan fosse cassado não têm real compromisso com a ética e com a luta contra a corrupção", disse a deputada, filha do ministro da Justiça, Tarso Genro.
Para Luciana, "se o Renan não tem estatura ética e moral para ser presidente do Senado, ele também não tem para ser senador". Ela acha que a possibilidade de Renan fazer um discurso conciliatório (leia mais) antes da votação, ou até mesmo renunciar à presidência da Casa para tentar sensibilizar os senadores não deve ser levada em conta.
"É absolutamente imoral um acordo que preserve o mandato dele em troca da renúncia, porque basta que o Plenário vote a cassação que ele, automaticamente, será também destituído da presidência. Esse acordo não é necessário", concluiu Luciana.
A sessão em plenário que precede a votação do segundo processo a que Renan responde no Conselho de Ética será aberta, e está marcada para às 15h. Entretanto, senadores decidirão o futuro do senador alagoano em votação nominal e secreta. Renan é acusado de quebra de decoro parlamentar por comprar veículos de comunicação em Alagoas por meio de “laranjas”, em sociedade com o usineiro alagoano João Lyra. (Fábio Góis)