Luiz Gonzaga Bertelli *
Em sua nova versão, a Base Nacional Curricular Comum – documento que propõe a unificação do currículo para as escolas de ensino infantil, fundamental e médio no país – está com 628 páginas. Segundo o Ministério da Educação (MEC), 12 milhões de contribuições chegaram até o órgão, o que resultou no adiamento da redação final do documento de junho para novembro, ampliando assim as discussões sobre o tema. A intenção de uma proposta unificada é reduzir a desigualdade educacional no país e melhorar a qualidade de ensino.
A segunda versão do documento foi mais bem recebida pelos educadores do que a divulgada em setembro do ano passado. Isso não significa que não possa ser melhorada. Não é de hoje que precisamos de um currículo nacional unificado, com parâmetros para os professores do que deve ser ensinado, efetivamente, nas salas de aula. Para isso, é necessário que desapareça a carga ideológica das matérias. Em História, por exemplo, uma disciplina em torno da qual é difícil de se encontrar um consenso, havia distorções claras no texto anterior. Ele limava das aulas temas históricos clássicos como a Revolução Francesa, a Revolução Industrial e a Antiguidade Clássica. No tocante à Língua Portuguesa, melhorou a distribuição da gramática, praticamente ausente no texto anterior, criticada abertamente por linguistas ilustres como Evanildo Bechara, professor emérito do CIEE e membro da Academia Brasileira de Letras (ABL).
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A educação é o trajeto obrigatório para um futuro de sucesso para a nossa juventude, tão castigada, ultimamente, pelos maus resultados da economia, pelo desemprego crescente e pelos cortes de recursos orçamentários ao ensino. A educação só faz diferença quando é de boa qualidade. Por isso, é necessário que os atuais currículos abdiquem de distorções ideológicas e espelhem-se nas necessidades sociais, preparando melhor os jovens para a sua inserção no mercado de trabalho e inclusão cidadã.
Na semana que passou, o CIEE debateu o tema, no Teatro CIEE, no seminário “A Base Nacional Curricular Comum”, realizado em conjunto com a Unesp, e contou com a participação de importantes educadores. Eles se mostrarame preocupados com o volume de disciplinas e conteúdos sofisticados, que devem dificultar a implementação, na prática, das novas diretrizes nas salas de aula.
*Luiz Gonzaga Bertelli é presidente do Conselho de Administração do Centro de Integração Escola-Empresa (CIEE), do Conselho Diretor do CIEE Nacional e da Academia Paulista de História (APH).
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