O “ator, humorista e cantor” Tiririca, como registra sua biografia na página oficial da Câmara, foi de longe o parlamentar mais assediado pela imprensa – e por servidores, visitantes e pelos próprios congressistas – em sua chegada ao Parlamento já no início do ano. Com campanha eleitoral marcada pela galhofa (“Vote em Tiririca. Pior do que está, não fica”, dizia um de seus bordões), Tiririca mal conseguia se deslocar do Salão Verde (Câmara) para o Salão Azul (Senado), em sua primeira visita ao novo palco, agora em Brasília, em 15 de dezembro do ano passado. Por acaso, era o dia em que deputados e senadores aprovavam aumento do próprio salário em cerca de 62%. Nem isso escapou do humor do deputado.
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Candidato a deputado federal mais votado do país em números absolutos (R$ 1,35 milhões de votos), Tiririca é autor de três projetos de lei, todos eles apresentados em 7 de junho e em fase de tramitação em comissões. Um deles, o Projeto de Lei 1527/2001, altera legislação (Lei 8.742/1993, que dispõe sobre a organização da assistência social) para promover a “criação de programas de amparo às pessoas e famílias que exercem atividades circenses e de diversões itinerantes”.
Outro projeto de Tiririca é o PL 1528/2011, que a autoriza a União a instituir o Programa Bolsa-Alfabetização para iletrados com idade superior a 18 anos, desde que matriculados na rede oficial de ensino, pelo período de seis meses.
Já o PL 1529/2011 sugere a criação do Vale-Livro, acrescentando a ideia ao artigo 13º da Lei 10.753/2003 (institui a Política Nacional do Livro). Segundo o projeto, o benefício será destinado aos alunos regularmente matriculados nas instituições públicas de ensino infantil, fundamental e médio de todo o país.
Filiado desde 2009 ao PR, o deputado ainda não fez qualquer pronunciamento em plenário. Também não há qualquer vídeo ou áudio registrado pelo parlamentar em sua página oficial na Câmara. Co-autor de As piadas fantárdigas do Tiririca (editora Matrix, 2006), Tiririca é membro titular da Comissão de Educação e Cultura, onde tem atuação discreta, embora tenha apresentado emendas, requerimento e indicações relacionadas ao tema da educação.
PublicidadeTiririca também não recebeu a missão de relatar qualquer projeto, tarefa geralmente confiada a parlamentares com poder de articulação, especialistas no tema em questão e nomes de confiança do autor da matéria. Quem acompanha a atuação do deputado nas comissões percebe que, se não desempenha função de destaque nos colegiados, Tiririca parece interessado em apreender as regras do jogo – talvez tentando cumprir a promessa feita em tom de galhofa durante a campanha, quando dizia não saber o que faz um deputado. “Mas me coloquem lá que eu digo”, declarava.
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