O presidente Michel Temer e seus líderes na Câmara decidiram substituir deputados de partidos governistas membros da comissão especial que discute a proposta de reforma da Previdência por terem se manifestado contra a alteração nas regras das aposentadorias. A substituição será feita pelo líder da bancada que, pelo regimento da Casa, tem esse poder. As trocas vão atingir os dois deputados do PSB – Bebeto (BA) e Heitor Schuch (RS) – e um dos PSDB, Eduardo Barbosa (MG).
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Os líderes do PSB, Tereza Cristina (MS), e do PSDB, Ricardo Trípoli (SP), estão prontos para trocar os membros dos dois partidos no colegiado para garantir os 25 votos que o governo pretende garantir na comissão para mostrar força política. O Palácio do Planalto quer fazer a troca sem causar muitos traumas e aumentar a crise política que divide as bancadas governistas na Câmara.Cristina nega que vá trocar os deputados do partido no colegiado.
“Essa hipótese, de substituir quaisquer parlamentares da bancada do PSB, sequer foi ventilada. Qualquer declaração contrária a isso não corresponde à verdade”, disse a líder após a publicação da reportagem.
O Diário Oficial da União e publicações internas de órgãos federais trouxeram os nomes de 25 pessoas que foram indicados por deputados governistas que votaram contra a reforma Tributária na Câmara. A dispensa dos indicados foi a retaliação encontrada pelo Planalto para punir os deputados infiéis na votação já feita e assustar os governistas que querem votar contra a proposta de reforma da Previdência.
O governo não vai trocar os membros do Solidariedade na comissão porque o principal dirigente da legenda, deputado Paulo Pereira da Silva (SP), não aceita que o líder da sigla na Câmara, Áureo Lídio (RJ), faça a troca. O próprio Paulinho da Força faz parte da comissão. O governo promete retaliar com a demissão de indicados por estes deputados em cargos federais nas próximas semanas.
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O relator da reforma da Previdência, Arthur Maia (PPS-BA), passou o dia negociando com os ministros da Fazenda, Henrique Meireles, e o presidente Temer as últimas alterações no texto do relatório para garantir a maioria dos votos na comissão e no plenário da Câmara. O atraso nos trabalhos do relator foi provocado pela pressão das corporações de carreiras de Estado que não querem a inclusão de mais para as aposentadorias com o valor integral do salário para quem ingressou no serviço público antes de 2003.
O texto do relator que deverá ser votado nesta terça-feira na comissão exige mais tempo de trabalho para que o servidor que ingressou no serviço público antes de 2003 possa se aposentar com o salário integral, como é hoje. Mas as entidades que representam servidores públicos pressionam o relator para retirar esta exigência do texto.