A pesquisa considerou apenas audiências individuais ou reuniões com até três parlamentares. Jantares como o de Temer com a cúpula do DEM para discutir alianças nas eleições municipais não foram contabilizados. Assim como encontros que não estão em agenda oficial.
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O resultado mostra dois estilos diferentes de governar. Dilma priorizava reuniões com os líderes, e com menos frequência, com as bancadas. Em seus 2.007 dias de governo, a petista fez 67 reuniões com líderes da base governista e bancadas de partidos aliados, além de conceder audiências aos presidentes dos partidos. Em média, ela fazia uma reunião por mês.
Temer, por sua vez, já comandou 12 reuniões com os líderes – o que equivale a uma por semana. O presidente interino, que foi presidente da Câmara por três mandatos, prefere o contato pessoal com os parlamentares. A influência do peemdebista no Congresso Nacional ficou evidenciada com a aprovação de medidas impopulares e com a eleição de um aliado, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para a presidência da Câmara.
No caso da presidente afastada, a distância do parlamento foi evidenciada já no primeiro mandato. Ao se reeleger, sabendo da rejeição a que tinha junto aos parlamentares, Dilma foi enfática: “Essa presidente aqui está aberta ao diálogo”. O acirramento da temperatura política, porém, inviabilizou a promessa de Dilma que tem pouca margem para negociar até mesmo a sua permanência no Planalto – que será decidida no próximo dia 25.
Segundo o Valor, a agenda de Dilma em 2011, primeiro ano de mandato, sugere que ela pouco interagia com o parlamento. Ela se reuniu, individualmente, com cinco políticos naquele ano: com os então presidentes do Senado, José Sarney (PMDB-AP), da Câmara, Marco Maia (PT-RS), com o então líder do PT, senador Humberto Costa (PE), com o então deputado federal João Paulo Lima (PT-PE), e com a senadora Kátia Abreu (TO), no cargo de presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA).
PublicidadeAliados defendem Dilma e dizem que ela segue ensinamentos de Júlio de Castilhos e Leonel Brizola [ex-governadores do Rio Grande do SUL] que eram famosos pelo relacionamento conturbado com o parlamento. Para o vice-presidente do PT e ex-líder do governo Dilma, deputado José Guimarães, “não é papel de presidente da República ficar recebendo deputados e senadores no varejo, porque esse toma-lá-dá-cá enfraquece a democracia”
Por outro lado, aliados de Temer elogiam a postura do presidente interino com o Legislativo. Para o líder do governo, deputado André Moura (PSC-SE), Temer “sabe dialogar, atende individualmente, escuta, dá retorno, liga para dar satisfação, os ministros do governo também dão retornos e encaminhamentos. E não é só o atendimento, é a atenção: ele mesmo liga, telefona”.
A política de relacionamento de Temer com os partidos aliados, porém, impede o presidente interino de cumprir por completo promessas como a de diminuir o número de ministérios. Para acomodar todos os aliados, por exemplo, o peemdebista está prestes a recriar o 27º, do Desenvolvimento Agrário.