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“Fui provocado para [conceder] aquelas entrevistas. Achei que deveria dizer alguma coisa à imprensa internacional, já que houve manifestações [da presidente] em relação à imprensa internacional, especialmente pretendendo desqualificar a minha posição. Aí, não é a coisa do vice-presidente. É uma coisa do Brasil. Acho que o Brasil não merece desqualificação por meio de eventuais agressões à Vice-Presidência”, declarou o peemedebista ao deixar seu gabinete no anexo do Planalto.
Depois de mencionar, em discurso feito mais cedo na Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, o que chamou de “retrocesso” democrático, em referência indireta ao processo de impeachment, Dilma também concedeu entrevista à jornalistas de todo o mundo e voltou a falar em golpe. Desta vez, a presidente foi além e sugeriu que organismos internacionais como o Mercosul analisasse o caso, que está sob exame do Senado.
“Está em curso no Brasil um golpe. Então, eu gostaria que o Mercosul e a Unasul olhassem esse processo. A cláusula democrática implica em uma avaliação da questão, e nós sempre fazemos essa avaliação”, ponderou a presidente. No último dia 12, Dilma fustigou Temer e aliados ao afirmar que o “golpe tem “chefe e vice-chefe” – referência também ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que conduziu a primeira votação do impeachment na condição de réu da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal.
Dilma aproveitou para fazer uma provocação a repórteres que a abordaram em Nova York. “Quem assumirá os destinos do país? Pessoas ilegítimas, que não tiveram um voto para presidente? Pessoas que têm na sua trajetória acusação? Não quero julgar ninguém antes, mas estou dizendo um fato de quem tem acusação de lavagem de dinheiro, de conta no exterior, de processo de corrupção. Não há contra mim nenhuma acusação de corrupção”, arrematou a petista. “Eles temem ser chamados de golpistas porque são golpistas. Dizer que não é um golpe é incorreto.”
Disputa por holofotes
Dilma tem aproveitado todo e qualquer ensejo para fazer duras críticas a Temer e seu grupo no PMDB e à maneira com que eles se comportam em relação ao processo de impeachment em curso no Senado clima ma Organização das Nações Unidas (ONU). Antes do retorno ao Brasil, previsto para este sábado (23), a presidente disse à imprensa estrangeira que uma “gravíssima aventura golpista” avança no Brasil rumo à mudança de governo.
Já Temer recorreu a jornais como o The New York Times, o Financial Times e o Wall Street Journal para contestar a tese de que promove uma conspiração para tirar Dilma do comando do país. Dizendo-se preocupado com a repercussão das declarações da petista, como se o Brasil fosse uma “república menor”, o vice-presidente reclamou de ter passado quatro anos no “ostracismo absoluto” e disse que jamais foi amigo da presidente.
Temer voltou a afirmar que aguardará “silenciosa e respeitosamente” o desfecho do processo de impeachment, decisão que cabe ao Senado, embora tenha passado a dar mais entrevistas e intensificado reuniões para articular a composição de um possível governo. Questionado justamente sobre esse processo de redesenho governamental, o vice-presidente garantiu que está “apenas ouvindo”.
“Naturalmente, estou sendo procurado por muita gente. Estou ouvindo muita gente, mas apenas ouvindo. Nada mais do que ouvindo”, tergiversou.
Já sobre a fala de Dilma aos chefes de Estado reunidos no encontro climático, Temer se limitou a classificá-lo como “adequado”. “Acho que foi adequado. Nada mais do que isso”, resumiu o cacique peemedebista, que abriu espaço para o ex-líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), no comando nacional do partido.
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