Janot denuncia Temer por corrupção passiva no caso JBS; veja a íntegra da denúncia
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“O erro do presidente Temer foi pensar que poderia governar o Brasil influenciado por um presidiário de Curitiba”, disse Renan, rodeado de senadores oposicionistas, a maioria do PT, e sem precisar citar o nome de Cunha para deixar claro a quem se referia.
A fala de Renan foi uma réplica à defesa do governo feita pelo líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR) – que por sua vez respondia aos ataques do próprio senador alagoano, em sua primeira intervenção contra Temer, à reforma trabalhista em tramitação no Senado.
Ao reclamar do governo em nome da parcela minoritária do PMDB, Renan apelava ao presidente do Senado, Eunício de Oliveira (PMDB-CE), para que uma providência em relação à matéria fosse tomada pelo comando do Congresso, face à situação de grave crise enfrentada por Temer.
Veja a troca de farpas entre Renan e Jucá:
Para Renan, ou Eunício faria algo a respeito da situação ou o Senado teria de aguentar “essa gente fingindo que está governando o Brasil”. No auge de sua revolta em plenário, o senador chegou a ameaçar, valendo-se do cargo do líder do PMDB, promover a troca de membros do partido na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), onde a reforma trabalhista será votada amanhã (quarta, 28).
A ameaça de Renan foi rebatida na mesma moeda por Jucá, que citou a reunião da bancada do PMDB que poderia ter destituído o senador alagoano da liderança do partido no Senado, mas o manteve no posto com poderes limitados. “Estranho essa posição de ele dizer que vai mudar os membros [CCJ], porque nós fizemos uma reunião de bancada e, por 17 a 5, definimos que apoiaríamos a reforma e que as coisas ficariam como estão. Se vossa excelência muda de posição, isso nos dá a condição de mudar também [o comando partidário], porque nós fizemos um pacto, demos a palavra. E a minha palavra vale! Quando eu dou, eu cumpro. Pode chover canivete”, declarou Jucá.
Contra reformas de Temer, Renan continua líder do PMDB no Senado, mas com poderes limitados
Depois da troca de acusações entre Renan e Jucá, uma série de discursos sobre a crise foram feitos em plenário, com críticas e manifestações de apoio à reforma trabalhista de Temer. Mais para o final da sessão plenária, o líder do PMDB ainda chegou a fazer referência, novamente sem citar nome, ao ex-presidente da Câmara Henrique Eduardo Alves, peemedebista primo do senador Garibaldi Alves (PMDB-RN) que está preso desde 6 de junho. A fala sobre o ex-deputado foi uma reação de Renan à intervenção de Garibaldi acusando-o de descumprimento do que ficou combinado na bancada.
“Eu queria dizer – e vossa excelência sabe melhor do que ninguém – que liderança se conquista; daí a trajetória política de vossa excelência. Mas liderança não se impõe, liderança não ameaça”, discursou Garibaldi, referindo-se à cogitação de troca de membros na CCJ. Renan retomou a palavra e fustigou: “Nós estamos, infelizmente, injusta ou justamente, com a prisão do ex-presidente da outra Casa do Congresso Nacional, sob a acusação de integrar uma quadrilha, uma quadrilha”!
“Senador Renan Calheiros, eu peço respeito. Vossa excelência não pode se referir ao ex-ministro [do Turismo] Henrique Eduardo Alves dessa maneira!”, protestou Garibaldi, que em seguida veria Eunício Oliveira encerrar a sessão plenária diante do bate-boca generalizado.
Essa foi mais uma das diversas críticas a Temer feitas em público por Renan, que chegou a ser ameaçado de destituição da liderança do PMDB devido à sua atuação de oposição à gestão peemedebista. A postura do senador alagoano nos últimos meses divide o PMDB no Senado e representa ameaça aos interesses do Palácio do Planalto, que já perdeu para a minoria oposicionista em uma das votações da reforma trabalhista. Nomes como Kátia Abreu (PMDB-TO), Roberto Requião (PMDB-PR) e Eduardo Braga (PMDB-AM), alinhados à conduta de Renan, são contraponto ao grupo majoritário encabeçado por Jucá no Senado.
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