O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), diz que o presidente Michel Temer estancou os abusos da Operação Lava Jato com a substituição de Rodrigo Janot por Raquel Dodge, na Procuradoria Geral da República, e de Leandro Daiello por Fernando Segóvia, no comando a Polícia Federal. Em entrevista à Folha de S.Paulo, o presidente do PMDB afirma que jamais defendeu “estancar a sangria” da Lava Jato, como sugere a conversa gravada entre ele e o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, que resultou em sua queda no Ministério da Previdência. Conta que se referia à necessidade de dar um basta ao governo Dilma.
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“Primeiro que estancar a sangria se referia ao governo Dilma. Não era estancar a Lava Jato. Estava sangrando o país, acabando com o Brasil – e a prova é que revertemos isso. A Lava Jato eu sempre defendi. A doutora Raquel Dodge [a atual PGR] age com responsabilidade, não está estripando o país como Janot fez. A Polícia Federal ter um diretor novo depois de um tempo enorme é algo extremamente natural. Você cobrar responsabilidade e o cumprimento da lei não é estancar nada. É estancar o abuso.”
Segundo ele, desde a saída de Janot, acabou a “fabricação de crises”. “Não temos mais vazamentos irresponsáveis e fabricação de crise. Na época do Janot tínhamos fabricação de crises não verdadeiras. Isso tumultuou a política, a economia. Tentou-se acabar com a classe política deliberadamente forjando delações”, critica.
Na entrevista à repórter Talita Fernandes, Jucá atribui a Janot a não aprovação da reforma da Previdência por causa da apresentação das duas denúncias criminais contra o presidente Michel Temer. “O governo tinha os votos num primeiro momento, mas Janot torpedeou a Previdência com as denúncias. Prestou um desserviço ao Brasil. Se tivéssemos votado a reforma da Previdência, o quadro da economia seria hoje muito melhor. A reforma é um ponto fundamental porque é o maior gasto público. É o ponto central do teto do gasto.”
O líder do governo no Senado acusa o ex-procurador-geral da República de “criar um acordo” e “mandar seu braço direito fazer uma delação e envolver a classe política toda”. “Renan Calheiros, Aécio Neves, eu, todo mundo. O que isso demonstra? Ação deliberada”, diz. O senador é alvo de quase uma dezena de inquéritos da Lava Jato.
Na entrevista, Jucá conta que Temer ainda não sabe quem apoiará para a sua sucessão. “Tem que ser um candidato que demonstre capacidade de ganhar a eleição. Essa será a principal aglutinação que ele poderá fazer”, afirma. Segundo ele, a lista pode incluir desde o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, até o governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB). Para o peemedebista, mesmo que não dispute a eleição, o ex-presidente Lula terá peso importante na eleição. “Acho que se Lula for condenado, ele deixa de ser candidato. Se for inabilitado, será um cabo eleitoral importante, mas não poderá ser candidato. Lula sendo candidato, o eixo da eleição é o Lula e o anti-Lula. Ele não sendo candidato, o eixo da eleição é muito mais a economia e o discurso dos outsiders.”
Leia a íntegra da entrevista da Folha de S.Paulo