Em entrevista aos jornalistas que acompanham a comitiva de autoridades brasileiras no evento da ONU, em Nova York, Temer disse que a anistia ao caixa dois é uma decisão que cabe ao Congresso Nacional – nesta segunda-feira (19), líderes da Câmara causaram revolta entre os pares ao tentar aprovar projeto que anistia políticos enquadrados na Operação Lava Jato, justamente devido à prática de repasses de campanha não contabilizados.
Leia também
“Eu li as declarações do ministro Geddel, e ele disse uma opinião personalíssima dele, que não envolvia nem a opinião do governo e, evidentemente, não envolvia a minha”, disse o presidente. “Eu, pessoalmente, não vejo razão para prosseguir, para prosperar nessa matéria”, acrescentou.
O presidente afirmou que recebeu com surpresa a notícia sobre o posicionamento do ministro responsável pela articulação política de seu governo. Temer enfatizou que não orientou a base aliada sobre a matéria. “Quando eu chegar lá no Brasil, eu vou examinar essa questão. Não tem orientação nenhuma”, disse o peemedebista, que voltou a destacar que o tema é competência do Legislativo.
Temer não quis comentar a denúncia contra o ex-presidente Lula, aceita ontem pelo juiz federal Sérgio Moro. Questionado se a decisão não intensificaria a polarização da sociedade – efeito contrário à unidade desejada pelo presidente – Temer disse: “Não sei quais serão as reações. Eu acho que deve polarizar no plano jurídico. O plano jurídico certa e seguramente, eu espero que seja assim, o senhor ex-presidente tem condições de ir ao Judiciário e aí, sim, polarizar com argumentos, acho que isso que deve ser feito”.
O presidente afirmou que a PEC 241, que estabelece um teto para os gastos públicos, será aprovada ainda neste ano, mas admitiu que a reforma da Previdência ficará para o ano que vem.
Questionado sobre o incidente em que delegações do Equador, Bolívia, Costa Rica, Nicarágua, Venezuela e Cuba deixaram o plenário da Organização das Nações Unidas durante seu discurso, Temer voltou a defender a legitimidade de seu governo e disse que “nem percebeu” o movimento dos delegados latino-americanos. “Quem ler a Constituição brasileira, basta saber ler, não precisa mais do que ler, não precisa interpretação, para verificar que o governo é legítimo. Em segundo lugar, essa questão de quem sai, não sai, tinham 193 países lá eu confesso que nem percebi a saída. E lamento, porque as relações nesse plano não hão de ser relações governamentais de pessoas, são relações institucionais. A relação de Estado para Estado e não de um governo para outro, ambos transitórios”, afirmou o presidente.
“Estabilidade política extraordinária”
Na tentativa de atrair investimentos, durante conversa com empresários estrangeiros nesta quarta-feira (21), Temer afirmou que o Brasil atravessa um momento de “estabilidade política extraordinária”. O presidente destacou a boa interlocução do Executivo com o Legislativo como principal elemento da dita tranquilidade. “No Brasil hoje nós temos uma estabilidade política extraordinária, por causa da relação política muito adequada entre o Executivo e o Legislativo. O que também dá segurança jurídica, porque nós temos alardeado que, lá no Brasil, o que for contratado será cumprido”, disse o peemedebista durante palestra promovida pelo Conselho das Américas, em Nova York.
Para estimular os investimentos, o presidente disse que há reformas em andamento no país, nas áreas trabalhista, previdenciária e na definição de um teto para os gastos governamentais. No caso da reforma da Previdência, Temer disse que a mudança será “radical”.
“Temos um déficit previdenciário muito grande. É uma questão de pensões que aflige muitos países. Particularmente no Brasil, isso tem sido uma angústia permanente no nosso sistema financeiro e orçamentário. Por isso estamos ultimando as conversas e o preparo de uma reforma radical do sistema previdenciário, a ser encaminhada ao Congresso Nacional.”
(Com informações da Agência Brasil)