Em relatório final da Operação Cui Bono, que investiga irregularidades na Caixa Econômica Federal, a Polícia Federal (PF) afirma que há “indícios suficientes de materialidade e autoria” de que o presidente Michel Temer tentou comprar o silêncio do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha e do operador Lúcio Funaro.
A acusação é baseada na delação premiada do empresário Joesley Batista, da J&F, que gravou uma conversa com Temer, no Palácio do Jaburu, em que o presidente, ao ouvir que o empresário estava “de bem” com Cunha, responde: “Tem que manter isso aí, viu?”
Segundo a PF, o presidente incentivou Joesley Batista a manter pagamentos a Cunha e Funaro, que estavam presos, para que os dois não fizessem acordos de delação premiada. As informações são do jornal O Globo.
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Em depoimento, Joesley disse que repassou R$ 5 milhões para Cunha depois que ele foi preso, em outubro de 2016, como “saldo de propina”. O empresário contou que pagou R$ 400 mil por mês para Funaro.
“O empresário ‘asseverou que deu ciência a Michel Temer’ sobre os pagamentos, deixando claro que ‘se destinavam a garantir o silêncio’ dos dois, ‘ao que sua Excelência (Temer) teria recomendado a manutenção de tais repasses’, afirma o relatório”, destaca a reportagem. Em sua delação premiada, o operador admitiu que recebeu o dinheiro em troca de silêncio.
O relatório também destaca que Temer deixou de comunicar às autoridades competentes a confissão, feita por Joesley, de que comprara o silêncio de juízes e até informações privilegiadas de membros do Ministério Público. O presidente não condenou os relatos de crimes e, depois, não mandou investigá-los.
Temer chegou a ser denunciado pela Procuradoria Geral da República por esse episódio, mas o caso foi barrado pela Câmara. O processo, porém, voltará a tramitar assim que o emedebista deixar o Planalto.
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