Em entrevista à jornalista Thaís Oyama, na edição da revista Veja que começou a circular hoje, o candidato a presidente da república pelo PSDB, Geraldo Alckmin, diz que sua campanha mal começou.
Fazendo muitas críticas a Lula e ao seu governo, ele afirmou: “Entendo que a população já está consciente. Eu ando nas ruas e sinto que o povo está indignado. Quando chegar a campanha eleitoral, isso vai explodir. Acho que nós vamos ter nessa campanha uma quantidade de trabalho voluntário impressionante. Eu sinto isso. É uma coisa ainda silenciosa, mas que vai explodir”.
O ex-governador de São Paulo, hoje com 53 anos, criticou o excesso de confiança de muitos petistas em relação à vantagem que as pesquisas de intenção de votos atribuem ao presidente Lula. Na sua opinião, esse favoritismo nada mais do que recall. Ele acrescenta: “Tem petista por aí de salto 15, criando uma expectativa grande. Psicologicamente, Lula irá para o segundo turno derrotado. Podem ter certeza. O embate começará no dia 5 de julho. E eu começarei esse dia às 5 da manhã”.
Leia também
Alckmin, que até o último mês de março permaneceu por um período de quase sete anos à frente do governo paulista, não foi questionado sobre as recentes ações do PCC e ao poder que organização demonstrou ter em São Paulo.
Seguem os principais trechos da entrevista:
Posição nas pesquisas
“As pessoas se impressionam muito com pesquisa. Pela série histórica, a situação não mudou. Estou tranqüilo: treino é treino, jogo é jogo. Jogo é 15 de agosto, que é quando começa o horário eleitoral”.
“Esses números do Lula no Nordeste são extremamente frágeis. Durarão o tempo que a informação demorar para chegar”.
“Entendo que a população já está consciente. Eu ando nas ruas e sinto que o povo está indignado. Quando chegar a campanha eleitoral, isso vai explodir. Acho que nós vamos ter nessa campanha uma quantidade de trabalho voluntário impressionante. Eu sinto isso. É uma coisa ainda silenciosa, mas que vai explodir”.
“O presidente Lula esteve em todas as eleições para presidente nos últimos vinte anos – vai disputar agora sua quinta eleição. Ele tem um enorme recall (fixação do nome na memória dos entrevistados devido à intensa exposição anterior). Só que é recall, não é intenção de voto. Tem petista por aí de salto 15, criando uma expectativa grande. Psicologicamente, Lula irá para o segundo turno derrotado. Podem ter certeza. O embate começará no dia 5 de julho. E eu começarei esse dia às 5 da manhã”.
Falhas na campanha
“A sintonia do time, eu diria que foi uma dificuldade. Mas é porque esta é uma fase de acomodação interna. Na hora em que começar a campanha, toda a energia da equipe vai se concentrar nela.
“Esses números do Lula no Nordeste são extremamente frágeis. Durarão o tempo que a informação demorar para chegar”.
Crise ética
“A questão dos princípios e dos valores é essencial. Mesmo porque a lambança foi geral, não foi um caso isolado. Para onde você olha, há desvio de dinheiro público. Então, essa vai ser a campanha dos princípios e dos valores. É que ela ainda não começou”.
Lula
“O governo Lula e o PT são abusados. Toda essa publicidade, AeroLula para cá e para lá… O abuso é flagrante. Mas eu acredito que nós vamos ter uma participação muito firme do Poder Judiciário nessas eleições para coibir isso. E, depois, quando começar a campanha, fica proibida a publicidade. O tempo tem de ser igual e, aí, você sai do monólogo para o debate.
“Da mesma forma que o governo do PT não faz uma separação nítida entre partido e governo – aparelharam o Estado, criaram doze ministérios para acomodar petistas derrotados em eleições passadas -, ele também não separa o público do privado”.
Bolívia
“Eu teria, de cara, feito uma reprovação duríssima à atitude da Bolívia. O governo Lula foi submisso e dúbio. Colocou interesses ideológicos à frente do interesse nacional. Reprovação imediata. Não aceito rompimento de contrato. Isso é ruim para as pessoas, porque quem vai acabar pagando a conta será o povo, já que o que eles querem é aumentar o preço do gás. É ruim para a América Latina, porque cria uma insegurança jurídica que espanta novos investimentos”.
Os vestidos de Lu Alckmin
“A Maria Lúcia é a melhor parte da minha família. Eu fui um pai mais ausente do que presente. Então, ela foi pai e mãe dos nossos filhos. Depois, trabalha comigo desde que nós nos casamos, há 27 anos. Faz agenda, a parte burocrática. No governo do estado, sempre trabalhou voluntariamente. Nunca foi nomeada para nada e nunca recebeu um centavo. Nesse caso dos vestidos, ela ganhou, sim. Usou e doou a entidades – o que ajudou muita gente. Mas, mesmo tendo ajudado entidades e mesmo não tendo causado ônus para o estado, considero que houve um erro. Como, para mim, vida pública tem de ser absolutamente transparente, acho que nós não temos de reclamar da cobrança. Essa é a lógica do espírito republicano, tem de ser assim”.
MST e reforma agrária
“Esse é um caso típico de leniência do presidente Lula. A reforma agrária não anda e, ao mesmo tempo, você tem invasão de propriedades com setores do governo justificando a invasão. Outro dia, o presidente Lula foi inaugurar as Casas Bahia, em São Bernardo do Campo. Eu achei até engraçado. Porque aquele terreno onde estão as Casas Bahia foi invadido pelo MST em 2003. O advogado dos invasores era o deputado Luiz Eduardo Greenhalgh, e o PT inteiro foi lá apoiar a invasão, que resultou, inclusive, na morte de um fotógrafo. Mais tarde, nós reintegramos o terreno, sem nenhum incidente, e fez-se um investimento no local que gerou 1.100 empregos. Em abril, o Lula foi lá inaugurar! Se dependesse do PT, aquilo seria um acampamento até hoje. Quer dizer, é uma enorme de uma, me perdoe a deselegância, cara-de-pau da parte dele”.
“Nós vamos trabalhar primeiro para fazer a reforma agrária. Agora, invasão, não. Invadiu, vai desinvadir. A lei é para todos, e invadir propriedade alheia é crime”.
A opção Sul-Sul na política externa
“Eu acho uma besteira. É uma visão ideológica totalmente ultrapassada. Não há razão para você diminuir o mundo para as nossas empresas. Cada milhão de dólares que você exporta gera 60 mil, 70 mil empregos no Brasil. Nós precisamos ter uma política externa muito mais ambiciosa, precisamos conquistar mercado e acelerar os acordos comerciais bilaterais. Num cenário internacional tão bom, é inconcebível que o governo aja de maneira quase covarde”.
Deixe um comentário