Divulgação/PT
Edson Sardinha
Deputado em primeiro mandato, o candidato à presidência do PT Jilmar Tatto (SP) acredita que a eleição deste domingo (2) marcará a implosão do grupo que comanda o partido há cerca de 15 anos. Segundo Tatto, todos os candidatos vão se unir num eventual segundo turno para derrotar o atual presidente, Ricardo Berzoini, que tenta a reeleição.
“Temos de derrotar o Campo Majoritário (agora rebatizado de Construindo um Novo Brasil) do candidato Ricardo Berzoini. Ele personifica essa política que levou o partido à crise. Temos de dar uma chacoalhada”, afirma o deputado nesta entrevista exclusiva ao Congresso em Foco.
Na avaliação de Tatto, a manutenção no comando do atual grupo, do qual também faz parte o ex-ministro José Dirceu, levará o PT a se igualar às demais legendas. “Não queremos um partido da ordem, queremos um partido da ousadia. Que saiba ser governo, mas que saiba também reivindicar”, declara.
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O candidato também defende a reaproximação do partido com os movimentos populares e uma postura mais crítica em relação ao governo Lula. “Ao mesmo tempo em que defendemos o governo Lula, acreditamos que o PT tem de ser a consciência crítica do governo para ajudá-lo a elaborar políticas públicas para o país”, considera.
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Congresso em Foco – Em que pontos a sua candidatura difere das demais que disputam a presidência do PT?
Jilmar Tatto – Primeiro, do ponto de vista do apoio. Nós temos o apoio de três correntes importantes dentro do partido – Novo Rumo, Movimento PT e PT de Lutas e Massas. O segundo ponto é que tenho origem nos CEBs (Comunidades Eclesiais de Base), com forte trabalho social na Igreja Católica. Em terceiro lugar, nós conseguimos unificar o PT pela forma com que movimentamos no partido. Ao mesmo tempo em que defendemos o governo Lula, acreditamos que o PT tem de ser a consciência crítica do governo para ajudá-lo a elaborar políticas públicas para o país. O quarto ponto é que entendemos que o PT tem de voltar a organizar o movimento social, mudar a agenda política, priorizar a discussão das reformas política e tributária, da democratização dos meios de comunicação e da melhoria da educação. Enfim, precisamos radicalizar a democracia no PT e tornar o partido mais transparente e implementar as resoluções do 3º Congresso, preparando o PT para as próximas eleições.
Na avaliação do senhor, que erros cometidos pelo PT nos últimos cinco anos não podem voltar a se repetir?
Todos nós pagamos por erros políticos cometidos por determinação de um grupo que tem origem no antigo Campo Majoritário. Temos de criar um Código de Ética. Temos de estabelecer um pacto partidário entre as pessoas para que erros dessa natureza não aconteçam mais. Temos de derrotar o Campo Majoritário (agora rebatizado de Construindo um Novo Brasil) do candidato Ricardo Berzoini. Ele personifica essa política que levou o partido à crise. Temos de dar uma chacoalhada.
A ética, que sempre foi defendida pelo PT, ficou de lado nos últimos anos? É preciso revitalizar esse discurso?
A defesa da ética sempre permeou a nossa história. A razão do nosso partido é a ética, a luta pela eliminação das desigualdades sociais, a transparência dos atos na administração pública. Temos de retomar nossos valores partidários.
Sem eles, o partido vira um partido como outro qualquer?
Sem dúvida. Pode ficar como os outros, um partido burocrático. Não queremos um partido da ordem, queremos um partido da ousadia. Que saiba ser governo, mas que saiba também reivindicar.
Como o partido deve se preparar para a sucessão presidencial?
Pela primeira vez o presidente Lula não será o candidato do partido à presidência da República. Temos de esperar a eleição de 2008 e começar a discutir isso em 2009. A força do PT em 2010 será o programa do partido. Nele terá de estar contido o acúmulo das experiências partidárias e um projeto que aprofunde as reformas estruturais. A questão do nome do candidato é importante, mas como carro-chefe precisamos ter um programa político.
O candidato tem de ser necessariamente do PT?
Claro, tem de ser um candidato do PT, que é o partido do presidente da República, que é o maior partido do país e aquele que teve o maior número de votos nas últimas eleições.
Num eventual segundo turno, a tendência é todas as chapas se unirem para derrotar o atual presidente, Ricardo Berzoini, caso ele esteja na disputa?
Se todos querem mudança e renovação, é razoável que todos se unifiquem para derrotar o Campo Majoritário. Não tenho dúvidas de que isso acontecerá.
Nesse cenário, de derrota do antigo Campo Majoritário, o PT sai mais fortalecido dessa eleição?
Sai fortalecido, mais maduro e responsável e mais alinhado com a base social. Com certeza, com novo comando, o partido terá capacidade de aglutinar todas as forças políticas para as duas próximas eleições.
Qual o futuro do Campo Majoritário dentro do PT?
Vai implodir. Aliás, isso já está acontecendo. O Campo Majoritário já enfrenta muita dificuldade. Não há mais concordância sobre a participação deles no comando do partido. Há novas tendências capazes de aglutinar forças, com espaço comum de debate de idéias. Mas ninguém vai deixar o partido. Se a campanha em 2005 era para muitos o momento de deixar o PT, esta agora é pra fortalecer o partido.
A tese da refundação do PT, levantada por algumas lideranças durante o escândalo do mensalão, está superada?
Está desguarnecida. O PT não precisa ser refundado. Precisa mudar, se desburocratizar, se voltar para o povo. Até quem defendia essa tese dois anos atrás já não fala mais sobre isso hoje.
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